Ataque em Manchester cria dissidências e armadilha do "meta-terrorismo"

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Paris, Bruxelas, Nice, Berlim, Estocolmo, Londres, e agora Manchester. Sempre a recorrências dos mesmos elementos de um roteiro: o terrorista sempre morre no final, um homem-bomba que leva cartão de banco, o inexplicável relaxamento da segurança em uma arena com 21 mil pessoas etc. e etc. Mas dessa vez, as “coincidências” ficaram tão evidentes que opiniões dissidentes começam a surgir dentro da própria mídia corporativa (como a CNN) e no mainstream político britânico: agora temos opiniões “sérias” de que tudo poderia ser mais uma “false flag” – ou “não-acontecimento”, no jargão acadêmico. Como todo não-acontecimento, o ataque deixa uma proposital “assinatura” que os “teóricos da conspiração” chamam nesse ataque de Manchester de “22-22-22”: terrorista de 22 anos mata 22 pessoas no dia 22. Isca meta-terrorista para analistas independentes morderem e verem em tudo uma “cabala maçônica”, para então caírem nos estereótipos conspiratórios que a própria mídia noticiosa e o cinema criaram. Como, por exemplo, os livros/filmes de Dan Brown.

Depois da sucessão de ataques a Londres, Paris, Nice, Berlim, entre outros com a autoria sempre supostamente reivindicada pelo extremismo islâmico, dessa vez o ataque em Manchester está sendo cercado por “dissidências”, até mesmo da grande mídia. 
Essa parece ser a grande novidade de um atentado que sempre repete os mesmos elementos do script: conveniência, timing, coincidências, sincronismos, anomalias etc. 
Os mesmos ingredientes de eventos que o pensador Jean Baudrillard definia como “não-acontecimentos” (diferenciam-se dos acontecimentos históricos, “reais”, porque são eventos criados imediatamente para contágio através das imagens midiáticas), desde a demolição das torres do WTC em 2001. Ou o que os chamados “teóricos da conspiração” chamam de “false flags” ou “inside Jobs”.
Dessa vez as “dissidências” envolvem personagens da grande mídia e também um personagem do mainstream da política britânica.
Durante o programa Anderson Cooper 360 Graus, da CNN, o analista político da emissora noticiosa, Paul Cruickshank, admitiu que um homem-bomba teria sido o mais provável responsável pela explosão no dia 22, no Manchester Arena, durante o show da cantora pop Ariana Grande, matando 22 pessoas. Mas em seguida disparou: “Também deve ser considerado que nos últimos meses na Europa houve uma série de ‘false flags’ nos quais a direita tenta culpar os islâmicos pelo terrorismo. Vimos isso na Alemanha há semanas”. 
Paul Cruickshank
 
Um analista da grande mídia criando “teorias conspiratórias”?
Enquanto isso no Twitter, Steve Brookstein, estrela do programa The X Factor  da TV britânica, escrevia: “False Flags não são imaginários. Essas coisas acontecem. Não estou 100% certo, mas as coincidências são preocupantes”. Não precisa dizer que a reação de colegas na grande mídia foi de acusa-lo de “desrespeitoso” e um “teórico da conspiração doente”.
Ao mesmo tempo, a ativista do Partido Trabalhista, Debbie Hicks, escreveu no Facebook: “O que aconteceu em Manchester é horrível e meus pensamentos estão com as famílias. No entanto, não posso deixar de pensar no timing maravilhoso para Theresa May”. 

Timing perfeito

Hicks se refere à proximidade das eleições britânicas dia 8 de junho nas quais a primeira ministra Theresa May enfrenta o candidato Jeremy Corbyn do Partido Trabalhista. May defende a pressão internacional contra a Rússia devido às suas ações na Síria e qualificou como “resposta apropriada” o ataque dos EUA com mísseis contra aquele país.
Hicks sugeriu que o ataque em Manchester teve o timing  perfeito num momento em que o oponente de May é um defensor de um movimento pela apuração da verdade sobre os ataques de 11 de setembro de 2001 nos EUA – Corby era amigo próximo do ex-ministro do Meio Ambiente, Michael Meacher, que morreu misteriosamente depois de concordar em pressionar por uma investigação britânica independente sobre o 11 de setembro: Meacher estava organizando campanha para abrir um inquérito oficial em nome dos membros de famílias britânicas vítimas dos ataques de 2001.

 
O mundo virou de cabeça para baixo? Será que agora também personagens do mainstream midiático e político estão aderindo às teses sempre defendidas pelos execrados “teóricos da conspiração”?
O fato é que depois do ataque na Champs Élysées, coincidindo com o debate eleitoral decisivo num estúdio de TV próximo em uma eleição acirrada, é impossível ignorar a recorrência de uma mesma narrativa do terrorista que morre no final e depois as mesmas reivindicações em tom genérico do ISIS.
E parece, como analistas “conspiratórios” destacam, que a escolha de um ataque a um show de jovens e adolescentes na Manchester Arena é uma reminiscência do atentado de 2015 no teatro Bataclan em Paris em um show de rock. Esse ataque foi projetado para reduzir a onda de apoio dos jovens à causa Palestina, assim como o público apoiador de Corbyn é mais forte entre os jovens. 
Por devoção à paciência e ao didatismo, vamos mais uma vez destacar alguns elementos recorrentes nessa narrativa midiática de atentados feitos por supostos fanáticos religiosos muçulmanos sujos, feios e malvados que odeiam os valores e estilo de vida Ocidental.

 

(a) O notório lobo solitário

Mais uma vez, o homem-bomba Salman Albedi era “conhecido pelos serviços de segurança mas não representava perigo imediato”. Novamente uma má avaliação dos serviços de inteligência provoca mortos, dessa vez jovens e até mesmo crianças?
E outra vez, lacunas e contradições: segundo o jornal Daily Mail, colegas de escola secundária disseram que Salman jamais teve qualquer interesse religioso. Segundo vizinhos, a família (líbios que escaparam do regime Gaddafi) era tranquila, com hábitos ocidentalizados e sem apresentar qualquer vestígios de radicalismos.
Mas, como sempre, surgem testemunhas em cima da hora para testificar que a família era “super-religiosa” e a mãe costumava usar “um véu”.
Segundo o jornal The Telegraph, Salman cursou o curso de Negócios da Salford University em Manchester, e muitos colegas acreditavam que ele estaria vivendo atualmente na Líbia – clique aqui.

 

(b) O oportuno documento de identificação

E como o “eficiente” serviço de investigação britânico conseguiu tão rapidamente ligar a explosão no saguão do Manchester Arena com Salman Albedi?
Tal como na inacreditável descoberta do passaporte de um dos terroristas a poucas quadras de distância do que restou do WCT em 2001 ou do oportuno encontro da carteira de motorista em um dos carros dos atiradores no ataque ao Charlie Hebdo (entre outros inúmeros exemplos), também em Manchester a polícia encontrou no bolso do que restou do homem-bomba um cartão de banco com a identificação do criminoso.
Em seu último ato em vida, um terrorista leva um cartão de banco? Um perigoso terrorista treinado pelo ISIS teria atravessado a Inglaterra fazendo operações bancárias de débito e crédito com um cartão? Terroristas suicidas com conta bancaria? >>>>>Continue lendo no Cinegnose>>>>>>>