DIÁRIO DA CHINA

Uma brasileira na China

Relatos de viagem da jornalista Iara Vidal ao gigante asiático

Créditos: Acervo pessoal - Passaporte, cartão de embarque e aeronave rumo à China
Créditos: Acervo pessoal - Toalha do presidente Lula é minha companhia de quarentena.
Créditos: Acervo pessoal - Vista do meu quarto de quarentena que fica no vigésimo andar.
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No dia 12 de junho a Revista Fórum, na qual assino a coluna 'China em Foco', veiculada de domingo a sexta-feira desde o dia 7 de março deste ano, recebeu o convite para o programa do Centro de Comunicação da Imprensa Internacional da China (CIPPC, na sigla em inglês), vinculado à Associação Chinesa de Diplomacia Pública. O veículo indicou meu nome para participar dessa oportunidade de visitar um país que me fascina e sobre o qual estudo há algum tempo.

Feitos os trâmites - emissão de passaporte, obtenção do visto junto à Embaixada da China, realização de teste de covid e apresentação de documentação - embarquei de Brasília para São Paulo no dia 16 de julho. No Aeroporto Internacional de Guarulhos fiz o segundo teste de covid, submeti os resultados ao programa do governo chinês que monitora a saúde dos viajantes àquele país e obtive meu primeiro sinal verde. 

Às 19h50 do sábado embarquei para Amsterdam (Holanda) para iniciar a terceira etapa da jornada até o gigante asiático. Desembarquei nos Países Baixos no domingo (17), fui para um hotel próximo ao Aeroporto Internacional Schiphol descansar e na segunda-feira (18) acordei bem cedo para providenciar mais um teste duplo de covid no aeroporto. Obtive meu segundo sinal verde e estava pronta para embarcar para a China.

Ao contrário dos voos do ocidente, absolutamente todos os passageiros usavam máscaras e a tripulação estava vestida de macacão, face shield, máscara e luvas. Foi a oportunidade de observar como funciona a política zero-covid adotada pelo governo chinês. 

Meu primeiro destino na China foi Chengdu, uma cidade da província de Sichuan, a sudoeste do país. Ao desembarcar depois de 10 horas de voo, passei por uma triagem, tive minha temperatura medida, fiz outro teste de covid e o desembaraço alfandegário. Um ônibus me levou até o hotel de quarentena que fica no distrito de Shuangliu e que tem uma temática que presta homenagem à África. 

O quarto que ocupo é espaçoso, tem duas camas - uma delas eu já coloquei a toalha do nosso futuro presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As refeições são deixadas 3 vezes por dia em frente à porta do apartamento. São comidas regionais, bastante apimentadas e fartas em legumes e verduras, sempre com mais de um tipo de carne e frutas. Há um fardo de água mineral no quarto, máscaras e sacos para acomodar o lixo. Duas vezes por dia minha temperatura é medida. E já me submeti a mais um teste de covid. 

 

Como nem tudo são flores, tive uma das minhas malas trocadas em São Paulo e fiquei sem meus calçados, bolsas e produtos de higiene pessoal. A equipe da Embaixada da China no Brasil está tentando resolver o problema e tenho esperança de que minha bagagem esteja em Beijing quando eu chegar lá. Afinal, como pesquisadora e ativista de moda, o que visto conta história. Cada peça que coloquei na mala relata um pouco da história do meu país. 

Ainda bem que as pessoas que estão me recepcionando são extremamente gentis e já providenciaram a compra dos meus itens de higiene pessoal. Também estão me ajudando a ajustar a minha conexão com a internet - uma delas até discutiu com o hotel que depois de negar problemas admitiu que havia intermitência no sinal. A partir desta quinta-feira (21) terei um sinal dedicado para mim e não haverá mais contratempos.

O programa do qual vou participar será uma experiência de vida incrível. Além de conhecer a cultura chinesa, terei a chance de compartilhar visões de mundo com colegas jornalistas de países da América Latina. Há um grupo com os participantes no WeChat (o WhatsApp da China) que já tem pessoas da Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, Guiana, México, Nicarágua, Peru e Venezuela. A cada dia entra um novo jornalista no grupo, então essa lista pode crescer. Além de mim, representando a mídia independente tem outro brasileiro, o Leonardo Sobreira, do Brasil 247, que embarca no dia 30 de julho para a China. 

Ao longo da minha estadia na China vou compartilhar as minhas experiências com a comunidade da Fórum. 

Beijos para todas, todos e todes.