DIÁRIO DA CHINA

Minha primeira saída às ruas de Beijing sozinha

Fiz a estreia como pedestre na capital chinesa

Créditos: Google Maps - As redondezas do local onde estou morando em Beijing
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Eu sou um tipo de pessoa que veio sem GPS de fábrica, incapaz de ler mapas e me localizar, condição agravada por ter nascido e vivido sempre em Brasília, a cidade-maquete. Quem quiser que eu me perca, basta me dar pontos de referência. Quem quiser se perder junto comigo, peça para eu ser navegadora. 

Ainda em recuperação do quadril inflamado e da coluna travada, segui a recomendação do médico chinês que me atendeu e fiquei em Beijing enquanto meus colegas viajaram para Shaanxi. A atividade será basicamente de caminhadas. Uma pena.

Sozinha na capital chinesa, precisei ir ao supermercado perto do condomínio. Munida de celular, carregador, máscara, passaporte e um calçado confortável, tomei coragem e fui para a rua. Tomada de uma certa apreensão, liguei o Google Maps e pedi proteção à minha santa.

A primeira parada foi bem em frente ao prédio onde moro. Era um Dutyfree e não me atendia, precisava de itens do dia a dia. Pedi orientação e segui em busca de outro mercado. Como era de se esperar, tomei o rumo errado e fui parar numa avenida movimentada. Entrei em um shopping e com a ajuda do tradutor online, almocei um sanduíche.

Segui o caminho sempre de olho no mapa online e rezando em silêncio para achar o caminho de volta. Para não exagerar na caminhada, fiz paradas ao longo do percurso. 

Aproveitei para praticar um dos meus hábitos preferidos que é observar as pessoas no cotidiano, o jeito que se vestem, como atravessam a rua, como fazem compras no comércio. Assim como nos poucos lugares que já estive mundo afora, gente é gente. Poderia perfeitamente estar no bairro da Liberdade, em São Paulo. Jovens com celular em mãos, adultos apressados, mães com filhos no colo, passageiros esperando o ônibus, garis limpando as ruas... Vida normal.

Fiquei encafifada com o comportamento dos motociclistas. Raro ver algum deles com capacete, salvo os que fazem entregas para aplicativos. Eles andam pelas calçadas e não param no sinal vermelho. Nota mental para estar sempre ligada. A última coisa que preciso é ser atropelada do outro lado do mundo. 

Com a ajuda do tradutor online, explorei pequenos mercados, observei a fachada das farmácias e de lojas de bugigangas, apreciei vitrines de roupas e segui meu caminho. 

Aqui está um calor danado, então entrei em um Starbucks, pedi uma bebida gelada e enquanto descansava usei o Wi-fi para explorar o mapa com atenção e fé de me localizar. Segui adiante, localizei o mercado onde precisava ir, fiz minha feira e consegui chegar em casa ilesa. Ufa!

Hoje chegou uma encomenda que fiz pela internet de produto para limpeza. Em um dos vários portões do condomínio, há um conjunto de armários onde são dispostas as entregas dos moradores. Por SMS você recebe um código para abrir o exato local onde está o seu pacote. Achei super moderno. 

Até amanhã!