CGM criada na gestão Haddad já mostra frutos: prisão de funcionários públicos corruptos

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Durante sua campanha Haddad prometeu criar um órgão que fizesse a fiscalização das contas da prefeitura de São Paulo e oferecesse transparência sobre gastos aos cidadãos e contribuintes da cidade. Tão logo assumiu, Haddad criou a CGM que  em parceria com o Ministério Público já conseguiu ter bons resultados, a saber: a prisão de funcionários públicos corruptos que desviaram mais de 500 milhões de reais dos cofres da cidade durante a gestão de Kassab.

Impressiona como desvio de dinheiro público ocorrido nas administrações governadas pelo demotucanato o meio bilhão está se tornando tostão. Meio bilhão também foi o saldo de desvio do #propinodutotucano no governo do estado sob liderança do PSDB.

Mas, a meu ver, a manchete que Monica Bergamo da Folha de São Paulo  faz possibilita a leitura enviesada de um fato pra lá de positivo (um órgão criado no início da administração cumprindo uma promessa de campanha que já conseguiu investigar  juntamente com o MP e possibilitar que a PF  ponha  na cadeia quem desvia o dinheiro de nossos impostos). Parece  que Haddad investigou pessoalmente funcionários públicos da gestão Kassab, parece uma vingança pessoal de Haddad e não resultado de uma boa decisão política.

Vejam como a Agência Brasil noticiou Servidores da prefeitura de São Paulo são presos acusados de lesar cofres públicos e como  a Rede Brasil Atual noticiou: Servidores e ex-diretor de Kassab são presos por fraude fiscal na prefeitura de SP

O que  matéria mostra é como a relação promíscua do poder público com empreiteiras é bem maior do que pensávamos ser, mostra também o acerto de Haddad em criar a Controladoria Geral do Município, o resto  é uma manchete nominalista que Monica Bergamo deixou passar.

Ex-funcionários da gestão Kassab são presos após investigação de Haddad

Por: MÔNICA BERGAMO, COLUNISTA DA FOLHA

30/10/2013 - 08h24

Quatro ex-funcionários da Prefeitura de São Paulo foram presos hoje acusados de um desvio milionário que pode chegar a pelo menos R$ 500 milhões. O Ministério Público comprovou um rombo de R$ 200 milhões ao longo de três anos. Mas a prefeitura estima que a fraude chegue a R$ 500 milhões pelo tempo em que o grupo atuou no esquema desvendado.

A operação, realizada hoje de manhã e apelidada de "Necator" (um tipo de parasita) pela prefeitura, tem potencial explosivo: iniciada pela administração de Fernando Haddad (PT-SP), ela atinge em cheio a cúpula das finanças da gestão de seu antecessor, Gilberto Kassab (PSD-SP). Ele é aliado de Dilma Rousseff no governo federal. A operação faz parte da ação 'Acerto de Contas', que será implementada por Haddad.

Um dos acusados das supostas falcatruas é o ex-subsecretário da Receita Municipal Ronilson Bezerra Rodrigues. Outro é Eduardo Barcelos, diretor de arrecadação do mesmo órgão. Eles eram da equipe do secretário Mauro Ricardo, de Finanças. Os outros presos são Carlos Augusto Di Lallo Leite do Amaral, ex-diretor da divisão de cadastro de imóveis e o agente de fiscalização Luis Alexandre Cardoso de Magalhães.

Os funcionários são acusados de integrar uma quadrilha que recebia propina de grandes construtoras para fornecer a elas certidões de quitação de ISS (Imposto Sobre Serviço) sem que pagassem tudo o que era devido.

O documento precisa ser emitido para que as construções obtenham o habite-se da prefeitura.

O grupo se reunia em um escritório a 300 metros da sede da prefeitura, no centro, apelidado de "ninho".

Kassab diz que nenhum dos investigados foi indicado ao cargo por ele. "São técnicos, funcionários de carreira."

MEDIDAS

A cgm (Controladoria Geral do Município) vai instaurar processo disciplinar para apurar as responsabilidades dos servidores envolvidos. Também vai determinar a instituição de uma força-tarefa para a adoção de medidas para o ressarcimento aos cofres municipais.

Os servidores também deverão responder pelos crimes de concussão/corrupção passiva, advocacia administrativa, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

PATRIMÔNIO

De acordo com a investigação, os quatro servidores teriam amealhado um patrimônio que, somado, chegaria a R$ 100 milhões. Ele seria formado por centenas de imóveis em várias cidades do país, além de carros de luxo e contas bancárias no exterior. Alguns são proprietários também de lotéricas.

Entre os bens adquiridos estão apartamentos de luxo, flats, prédios e lajes comerciais, em São Paulo e Santos, barcos e automóveis de luxo, uma pousada em Visconde de Mauá (RJ) e um apartamento duplex em Juiz de Fora (MG).

Na operação desta quarta-feira foram apreendidos com os quatro investigados motos e carros importados, grande quantidade de dinheiro (reais, dólares e euros), documentos, computadores e pen-drives.

Os bens localizados estão em nomes de familiares e de empresas nas quais os acusados figuram como sócios.

O Ministério Público deve enquadrá-los nos crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva ou concussão, lavagem de dinheiro e advocacia administrativa.

Divulgação/Ministério Público de SP Pousada em Visconde de Mauá (RJ) de propriedade de um dos agentes fiscais presos durante megaoperação Pousada em Visconde de Mauá (RJ) de propriedade de um dos agentes fiscais presos durante megaoperação
INVESTIGAÇÃO

A investigação começou em março, quando a CGM (Controladoria Geral do Município), criada por Haddad, passou a monitorar a evolução patrimonial de 140 mil funcionários públicos.

Cruzamentos feitos em diversas bases de dados, como a de registro de imóveis de SP e de outras cidades, detectaram servidores com patrimônio incompatível com os seus vencimentos.

A CGM passou então a acompanhar de perto a situação daqueles que ocupavam cargos considerados sensíveis, como os de fiscalização.

Foi então que identificou o grupo da Secretaria de Finanças, liderado, sempre de acordo com as investigações, pelo subsecretário da Receita Municipal de São Paulo.

A CGM passou então a compartilhar os dados com o Ministério Público, que solicitou à Justiça a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico dos envolvidos.

Além de grampo em telefones fixos e celulares, foi realizada também escuta ambiental no escritório apelidado de "ninho".

Há casos em que os depósitos realizados por construtoras na conta de um dos acusados chegaram a alcançar R$ 1,8 milhão em apenas um mês.

Em uma ocasião, uma construtora fez depósito de R$ 480 mil e conseguiu a certidão de ISS depois de pagar apenas R$ 12 mil.

A prefeitura calcula que a propina chegava em alguns casos a 50% do imposto que as empresas deveriam pagar.

A administração e o MP já solicitaram o bloqueio de bens dos funcionários. As empresas privadas envolvidas serão investigadas e intimadas a pagar o que deixaram de recolher aos cofres públicos municipais.