Com a palavra a militância: o carteiraço do assessor do Secretário Nacional de Comunicação do PT

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Neste post aqui vários comentaristas acharam exagero ou até mesmo leviandade o título dado, argumentando que uma ação "isolada" de uma assessor não poderia ser generalizada à Direção Nacional do PT.

O problema é que alguns militantes petistas não perceberam o que Cotrim aponta com muita clareza no comentário transcrito abaixo: o assessor de André Vargas, Secretário Nacional de Comunicação do PT, assim se apresentou: "Sou ligado a (sic) Direção do PT Nacional" (post aliás que pode ser visto aqui e que foi deletado pelo assessor André Guimarães: http://twitter.com/AndreGuimaraess/status/29609383302275073.

Para este assessor o fato de ocupar esse cargo lhe confere poderes acima da militância e até mesmo uma espécie de imunidade diante das sandices ditas. Enfim, o PT tem uma história cuja construção passa pela crítica a vícios, preconceitos, desigualdades e as relações autoritárias de poder, mas querer impedir a crítica da militância é se igualar às práticas conservadoras dos demais partidos que tanto combatemos. Reflitam sobre isso com a ajuda do brilhante comentário de Bernardo Cotrim. Eu não faria melhor.

Por: Bernardo Cotrim

Impressionante. A homofobia do André Guimarães foi tão aberrante que acabou passando em branco outra demonstração de um comportamento incompatível com a militância de esquerda: o “carteiraço”. Ao afirmar ser “ligado à direção nacional” (por ser assessor de um deputado que faz parte da direção), o cidadão André julgou ser possuidor de mais direitos do que qualquer outro (“se eu não posso saber quem controla e paga, então quem pode?”).

Imediatamente, uma indagação se apresenta: o deputado André Vargas, seu chefe, é secretário nacional de comunicação do PT. Por que diabos André Guimarães não ligou pro seu chefe, de maneira a sanar suas dúvidas, ao invés de ofender pessoas no twitter?

Voltando ao comportamento mais gritante (o híbrido intolerante e intolerável de machismo e homofobia): será que Guimarães se julga no direito de expressar posições conservadoras e repugnantes por identificá-las no comportamento do seu chefe? Afinal, não foi o nobre deputado André Vargas quem primeiro abriu o verbo no twitter pra responsabilizar as feministas e suas bandeiras caso Dilma perdesse as eleições, motivando Marco Aurélio Garcia a desautorizá-lo publicamente?

Entendo o comportamento de companheiros e companheiras do PT que se apressaram a afirmar que Guimarães não faz parte da direção do partido, mas devo lembrá-los que Vargas, o “chefe do assessor”, faz. E como petista, me sinto no direito de achar que defender o partido é justamente atacar as manifestações atrasadas que existem no seu interior. Guimarães, nesse sentido, é um espelho refletindo a imagem do seu superior. E nem um, nem outro, possuem o direito de jogar no lixo nossa história de luta em defesa da democracia, da liberdade e da igualdade.