Durante governo Lula renda média da população negra dobrou em relação a da branca, mas desigualdade permanece

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Duas matérias de O Globo trazem dados interessantes do censo IBGE e o PNAD/IPEA. Transcrevo um trecho da primeira matéria, que não surpreende na medida em que sabemos que a base da pirâmide brasileira é a classe C e D e se houve políticas de inclusão e a maioria da população mais pobre no país é negra, ela acabou sendo atingida positivamente:

A massa de renda da população negra brasileira atingiu, este ano, R$ 554 bilhões, segundo pesquisa do Data Popular. Desde 2007, a renda média per capita do negro cresceu 38% - o dobro da renda média do branco, que teve alta de 19% no mesmo período. Segundo Renato Meirelles, sócio-diretor do instituto de pesquisa, o crescimento é resultado do aumento da renda da população da base da pirâmide de renda do país: “tem mais negros nas classes C e D, que teve aumento maior de renda que nas classes A e B [no período analisado]”, afirmou ele ao G1.

Entretanto num país racista como o nosso onde o racismo reduz oportunidades desde a mais tenra idade, nosso caminho ainda é longo para terminar com a desigualdades entre brancos e negros: pretos e pardos ganham ainda 40% menos do que brancos.

Será que é preciso desenhar o quanto o Brasil ainda necessita de ações afirmativas para diminuir e quem sabe findar esta enorme desigualdade social e étnico-racial??

Pretos e pardos ganham, em média, 40% menos que brancos, diz IBGE Em 2009, pretos e pardos eram 16% da fatia mais rica da população. Brancos tinham maior proporção de empregadores. Do G1, em São Paulo 17/09/2010

Os rendimentos dos pretos e pardos brasileiros são, em média, 40% menores que os dos brancos, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a partir dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) 2009. (Os termos branco, preto e pardo são utilizados no relatório oficial do IBGE.) Em todas as faixas de escolaridade, a renda por hora de pretos e pardos é pelo menos 20% inferior à dos brancos. Houve melhora, no entanto, na comparação com o levantamento realizado em 1999. Naquele ano, pretos e pardos com até quatro anos de estudo recebiam menos de 50% da renda dos brancos com o mesmo nível de escolaridade. (grifos nossos)

Faixas de renda

Pretos e pardos ainda são minoria entre a parcela mais rica da população. Em 2009, essas famílias compunham 16% entre os 1% mais ricos. Em1999, essa fatia era ainda menor, de 9,1%.

“Trata-se de uma cifra ainda bastante distante da representatividade na população (...). Pretos e pardos são 6,9% e 44,2% das pessoas em 2009, o que corresponde a uma maioria de 51,1%”, ressalta o IBGE em nota.

De acordo com o instituto, a desigualdade entre brancos, pretos e pardos se exprime também na observação do “empoderamento” (relacionado ao número de pessoas em posições privilegiadas na ocupação). Entre os brancos, 6,1% eram empregadores em 2009, enquanto apenas 1,7% dos pretos e 2,8% dos pardos estavam na mesma situação.

Ao mesmo tempo, pretos e pardos são, em maior proporção, empregados sem carteira e representam a maioria dos empregados domésticos. Entre os pretos, 12,2% são empregados domésticos. Entre pardos, são 9,1%; e entre brancos, 6% são domésticos.