Ecos da Periferia: Que a UFV se pinte de povo. Não às catracas!

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A USP toda cercada, murada, 'cancelada' colocou até polícia militar no Campus e hoje só entra a classe média alta com suas academias móveis e personal trainer, os pobres quando muito para trabalhar na invisibilidade da terceirização que faz a limpeza em todos os espaços da cidade universitária.

Acho muito saudável que o debate aconteça em Viçosa, quem sabe lá uma universidade federal, de um governo do PT, não reproduza o que a elite paulistana fez na universidade mais conservadora e elitista do país, não é mesmo?

Por: Rômulo N. Marcolino

Moro aqui no interior de Minas, na cidade de Viçosa. Sou estudante do curso de História da Universidade Federal de Viçosa, mas sou morador da periferia da cidade (o 'mas', deve-se ao fato de que ainda somos raros). Nesse momento discute-se um plano de segurança para o campus, mas diversos grupos e ativistas entendem que o plano irá aumentar a segregação da cidade em relação a universidade.

Do Blog Ecos da Periferia

A Universidade Federal de Viçosa está construindo um plano de segurança para o campus, já existe até projeto elaborado por um professor do departamento de Ciências Sociais, o projeto tem causado polêmica. A população viçosense precisa se inteirar do projeto, pois terá impacto na relação Cidade/Universidade, podendo aumentar ainda mais a separação entre os espaço, segregando a população "nativa". O projeto cria uma hierarquia, definindo o "nativo" como o tipo suspeito, que precisa ser educado para utilizar adequadamente os equipamentos da Universidade, além de sugerir o cercamento da UFV por arames e instalação de cancelas e catracas. (Segue o link para ter acesso ao projeto)

Cada dia fico mais impressionado com os comentários que aparecem na comunidade UFV no facebook. Vejo que estamos caminhando a passos largos no caminho do conservadorismo, usando do discurso meritocrático para justificar as desigualdades e o pior, embora estejamos em uma instituição pública, muitos defendem a limitação aos espaço de produção do conhecimento científico, revelando o quanto nossa formação é egoísta. A UFV, assim como as demais universidades públicas brasileiras precisam se pintar de povo, a população "nativa" precisa se apropriar mais do campus universitário, seja para as atividades de lazer/esporte, mas também nas de produção do conhecimento científico, usar mais a biblioteca (bbt).

Postei na referida comunidade a imagem da UFV catracalizada (imagem acima), . E não é a primeira vez, vieram os comentários favoráveis à separação física entre UFV e a cidade. A nossa elite intelectual (?) quer ficar protegida dos perigosos citadinos, tentei argumentar em determinado momento que sendo a universidade uma instituição pública, bancada inclusive por esses jovens de ensino médio (estavam reclamando do barulho na bbt), familiares e por tantos outros que talvez não tiveram (ou terão) a oportunidade de nela ingressar como estudante. Eles tem tanto direito a usufruir destes espaços quanto qualquer universitário. Eis que veio o comentário mais coxinha por enquanto...

No blog Aleatório, Eventual e Livre, em uma análise sociológica temos a seguinte definição de Coxinha:

" “Coxinha”, sociologicamente falando, é um grupo social específico, que compartilha determinados valores. Dentre eles está o individualismo exacerbado, e dezenas de coisas que derivam disso: a necessidade de diferenciação em relação ao restante da sociedade, a forte priorização da segurança em sua vida cotidiana, como elemento de “não-mistura” com o restante da sociedade, aliadas com uma forte necessidade parecer engraçado ou bom moço.

Os coxinhas, basicamente, são pessoas que querem ostentar um status superior, com códigos próprios." detalhe importante, "ao contrário do que se pensa, a condição coxinha não tem necessariamente a ver com dinheiro. Existem coxinhas que ganham 100 mil reais por mês e coxinhas que sustentam a família feliz com quatro salários mínimos.", apesar de ser mais frequente encontrarmos "coxinhas" na camada mais abastadas da sociedade.

Em Tempo: Para quem ainda não sabe ou não entendeu o que é "Coxinha", o cantor Max Gonzaga explica didaticamente: