Jornalista tucano afirma que "a campanha de Serra é repulsiva"

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Nem tucano aguenta campanha de Serra, imagina o povo brasileiro que ele sistematicamente subestima a inteligência.
A Tomografia da Fita Crepe
Por: Paulo Nogueira, em seu blog

Imagens da televisão – não da Globo, naturalmente — parecem mostrar que Serra foi, na verdade, vítima de um atentado de bolinha de papel. Quando parecia impossível superar a infâmia de Monica Serra na “morte das criancinhas”, eis que seu marido aparece e a bate. Serra optou pelo pior caminho: o da derrota associada a abjeção. Como disse Cícero a Catilina na Roma antiga, até quando ele continuará a abusar de nossa paciência? Agradeço os esclarecimentos. Decidi manter o texto original, acompanhado desse intróito, por refletir minha visão no calor dos acontecimentos.

SE alguém se surpreendeu com as últimas pesquisas, que parecem consolidar a caminhada de Dilma rumo ao Palácio do Planalto.

Eu não.

A campanha de Serra é repulsiva, e acabou por afugentar do PSDB gente que, como eu, tradicionalmente opta pelo partido.

O episódio de ontem no Rio é apenas mais um de uma lista de pequenas trapaças de Serras. Ele é provavelmente a primeira pessoa no mundo a fazer tomografia por receber uma fita crepe na cabeça. O médico que o atendeu disse, constrangido, que o exame acusara o que todo mundo já sabia. Não havia problema nenhum.

Serra aproveitou para fazer fotos no hospital, em meio a extemporâneas e descabidas declarações de paz e amor hippie. “Não entendo política como violência”, disse ele. Serra entende política como uma forma de triturar todo mundo para chegar à presidência. O melhor quadro do PSDB para suceder FHC era Pedro Mallan, que foi sabotado de todas as formas por Serra.

Serra quer ser muito ser presidente. O problema é que os brasileiros não querem que ele seja.

Em farisaísmo, a tomografia da fita crepe equivale à célebre frase de Monica Serra segundo a qual Dilma é a favor de matar criancinhas. Não conheceríamos a capacidade de jogar baixo de Monica se um repórter não estivesse presente para registrar a ação maldosa da candidata a primeira-dama.

Dilma deve ganhar menos pelos seus méritos e até menos pelo apoio do Lula do que pelos vícios da campanha vale-tudo de Serra.

Ele tem que sair de cena para que o PSDB se renove.

É possível que ele arraste Aécio na queda, agora que repousam sobre o mineiro as esperanças de operar uma reviravolta.  Dilma bateu Serra no primeiro turno, e Aécio disse que vai mudar isso. Faz alguns mandatos já que quem ganha em Minas leva a presidência, e por isso as esperanças se reabriram.

Só falta Aécio combinar com os mineiros.

A última pesquisa mostra que a distância de Dilma sobre Serra em Minas se ampliou em vez de diminuir.

Serra talvez possa culpar Aécio se a virada não aparecer, e assim prosseguir, como um interminável Galvão da política, mais alguns anos em sua louca cavalgada rumo à presidência, num titânico duelo de vontades contra os brasileiros.

Paulo Nogueira é jornalista e está vivendo em Londres. Foi editor assistente da Veja, editor da Veja São Paulo, diretor de redação da Exame, diretor superintendente de uma unidade de negócios da Editora Abril e diretor editorial da Editora Globo.