Luis Nassif: As mudanças no Copom

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As mudanças no Copom

Coluna Econômica - No blog do Nassif

17/03/2011

Nos últimos dias o Banco Central deu sinais robustos de que pretende modificar o sistema de “metas inflacionárias” que serviu de base para a definição da política monetária da gestão Armínio Fraga para cá.

Desde o início havia vulnerabilidades óbvias nesse modelo, mas minimizadas pela pesada ortodoxia vigente no período e pelos interesses sedimentados em torno dos ganhos proporcionados pelos juros altos.

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O modelo tinha funcionamento simples.

Primeiro, o COPOM (Comitê de Política Monetária do Banco Central) define uma meta de inflação para o ano.

Periodicamente, o Banco Central asculta o mercado, para analisar a média de opiniões sobre a inflação do ano. Se a expectativa estivesse acima da meta, subia os juros para derrubar a demanda e, consequentemente, os preços.

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Ao longo dos últimos anos, venho apontando sistematicamente os erros do modelo:

1.O modelo não permite atuar diretamente em cima das fontes de pressão inflacionária, mas sim sobre o conjunto de preços da economia como um todo. Suponha que a inflação fosse afetada por reajustes de tarifas de ônibus, mensalidades escolares ou algum choque na oferta de hortifrutigranjeiros. Nenhuma desses fatores está ligado ao excesso de demanda. No entanto, o BC aumentava os juros derrubando a demanda como um todo, o preço e o emprego de setores que sequer estavam pressionando a inflação.

2.As consultas se davam exclusivamente com analistas econômicos de grandes instituições financeiras. Muitas vezes tem-se inversão brusca nas tendências da economia, mas que demora a aparecer nas estatísticas. Por isso mesmo, o FED (o BC americano) baseia-se não apenas nas estatísticas, mas em conversas permanentes com setores do varejo, da indústria, da agricultura, para captar tendências. O departamento de crédito dos bancos têm o pulso do consumo na mão muito mais que o departamento econômico – que só trabalha com os dados a posteriori. No entanto, ouve-se apenas o economista.

3.O sistema de consultas ao mercado é viciado. Como se trata de um universo pequeno, trabalhando em cima dos mesmos dados, há uma auto-alimentação. Meia dúzia de instituições criam uma expectativa, os jornais reverberam, gera-se um movimento de pressão que leva o BC a aumentar os juros. Muitas vezes a alta da inflação é pontual, problemas de safra, preços internacionais de commodities, altas sazonais que sabe-se serão diluídos nos meses seguintes. Mas como não é possível avaliar a priori os efeitos das taxas de juros, a volta à normalidade acabava sendo atribuída à Selic e não ao fim das pressões pontuais.

4.A meta de inflação era o ano calendário, não os doze meses seguintes. Isso fazia com que, no segundo semestre, se tentasse alcançar a ferro e fogo as metas do ano, obrigando a elevações muito maiores nos juros.

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O que o BC está fazendo agora é se libertando desse jogo viciado de auto-alimentação de expectativas. Em breve, deverá ampliar o sistema de consultas da pesquisa Focus. E as conversas com o mercado servem agora apenas de subsídio, não mais de regra imutável para o BC atuar.

IGP-10 sobe 0,84% no mês de março

O Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) encerrou o mês de março em 0,84%, abaixo dos 1,03% vistos em fevereiro de acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo) subiu 0,99%, ficando abaixo dos 1,16% vistos em fevereiro. Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) atingiu 0,59%, ante 0,92% do mês anterior, afetado pela queda em três dos sete grupos avaliados. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) subiu 0,33%, abaixo dos 0,42% de fevereiro.

Queda do crescimento deve elevar inadimplência das empresas

A perspectiva de inadimplência das empresas subiu 0,3% em janeiro, chegando a 86,1 pontos, segundo a consultoria Serasa Experian. Esta foi a primeira alta apresentada pelo indicador, dando fim a vinte meses consecutivos de quedas, e indica que a inadimplência das empresas deverá sofrer ligeiras elevações com o menor ritmo de crescimento da economia e com as condições de crédito menos favoráveis em 2011.

Nova prévia do IPC-S avança para 0,64%

O IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal) chegou a 0,64% na segunda semana de março. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o resultado subiu 0,05 ponto ante a semana anterior (0,59%). Os dados foram afetados pelo avanço em quatro grupos, com destaque para o grupo Alimentação, que subiu de 0,54% para 0,67%, além de Vestuário (de -0,16% para 0,59%). Na outra ponta, houve queda em grupos Educação, Leitura e Recreação (de 0,26% para 0,15%) e Habitação (de 0,59% para 0,52%).

Preços ao atacado em alta nos EUA

Os preços ao atacado nos Estados Unidos registraram seu maior resultado desde 2009: os números sazonalmente ajustados subiram 1,6% em fevereiro, o dobro do registrado em janeiro (0,8%). Segundo o Departamento de Trabalho norte-americano, os números foram afetados pelo custo elevado de alimentos e energia. Apenas os preços de gasolina subiram 3,7% no período, enquanto os valores dos alimentos subiram 3,9%, o maior resultado desde 1974.

Economia brasileira avança em janeiro

A economia brasileira fechou o mês de janeiro com um ritmo de crescimento acima do apresentado no mês anterior, e deu fim a dois meses consecutivos de desaceleração dos resultados. Segundo o Banco Central, o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) subiu 0,71% durante o mês de janeiro em relação a dezembro de 2010, chegando ao seu maior resultado em nove meses. Ante 2010, o avanço chega a 4,58%. Em 12 meses, o crescimento econômico chegou a 7,38%.

Fluxo cambial chega a US$ 7,42 bilhões

A entrada líquida de dólares no país chegou a US$ 7,42 bilhões até o último dia 11, segundo dados divulgados pelo Banco Central. Com o resultado, o fluxo cambial acumulado no ano chega a US$ 31,76 bilhões, e já supera os US$ 23,34 bilhões registrados em 2010. Ao longo do mês registra US$ 6,1 bilhões em exportações, contra US$ 5,59 bilhões em importações, gerando um saldo de US$ 510 milhões. O fluxo financeiro chegou a US$ 6,91 bilhões.

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