"Não somos mercadorias nas mãos de políticos e banqueiros" A primavera social chegou à Espanha

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Vila Vudu traduziu parte de um artigo interessante que nos lembra um pouco a manifestação da gente diferenciada ocorrida em Higienópolis, cuja articulação começou via Facebook, chegou ao twitter, inundou os blogs e mobilizou pelo menos 100o pessoas em protesto no bairro que tem uma pequena elite que não quer estação de metrô em Higienópolis.

Para ler todo o artigo (em francês) acesse aqui, há também belíssimas fotos.

Primavera social nascida na Internet alastra-se pela Espanha Por: Elodie Cuzin, Blog89, Paris, Trecho traduzido do francês*: Vila Vudu 19/5/2011

“Se não nos deixam sonhar, não os deixaremos dormir!”

“Não somos mercadorias nas mãos dos políticos e dos banqueiros!” (19/5/2011, Puerta del Sol, Madri)

Lançado em Madrid dia 15/5, um movimento de protesto social surpreende o país em plena campanha eleitoral. A crise é bem real, já há três anos. E, como aconteceu nos levantes na Tunísia e no Egito, os jovens espanhóis desempregados começaram a reunir-se pela Internet. O movimento “15 M” (porque começou dia 15 de maio) alastra-se pelo país, a uma semana das eleições municipais e regionais marcadas para o próximo 22 de maio.

? 2ª-feira, 16 de maio. 15 h. Puerta del Sol, em Madrid, a poucos metros da placa “Marco zero”, ponto a partir dos quais se calculam as distâncias por estrada em toda a Espanha.

São pouco mais de 30 jovens reunidos em torno de alguns cartazes, de uma mesa montada sobre cavaletes e de cadeiras distribuídas sob o sol escaldante.

São os primeiros a chegar, depois de decidir espontaneamente, em assembléia realizada no domingo à noite, acampar naquele ponto histórico, em pleno coração turístico de Madrid.

Algumas horas antes, uma manifestação organizada pela Internet juntou-se à primeira. E ultrapassou todas as previsões de quantos apareceriam.

? 4ª-feira, 18 de maio. 15 h. Mesma hora, mesmo local.

Coberturas de plástico azul e alguns guarda-sóis oferecem um pouco de sombra, mas não protegem contra o vento que começa a soprar forte.

O movimento de mobilização surpresa começou aqui, há três dias e já se alastrou por todo o país, com centenas de pessoas dedicadas a divulgá-lo. No mesmo movimento, a agenda da imprensa e dos partidos políticos foi agitada como por um terremoto, a poucos dias das importantes eleições municipais e regionais de 22 de maio próximo.

Citado de memória, do espanhol: “Nunca vimos coisa semelhante, desde o começo da democracia [em 1978]”, na avaliação de vários jornalistas presentes.

Alguns não hesitam em comparar a Puerta del Sol à já famosa praça Tahrir do Cairo.

Pela Internet : “Não somos mercadoria”. Há três meses, um grupo de blogueiros e internautas reuniram-se na Internet e criaram uma plataforma em linha [fr. en ligne; ing. online; esp. en línea] que batizaram de “Democracia real ya” [Democracia real já].

No Twitter

? Informações sempre atualizadas, pelo Twitter com as palavras-chave [ing. hashtags; fr. mots-clés; esp. palabras-llave]:

•#acampadasol •#spanishrevolution •#yeswecamp •#nonosvamos

Pouco a pouco, muitas centenas de pequenas organizações reuniram-se em linha: Associação Nacional de Desempregados, a página Internet das famílias endividadas com financiamentos imobiliários, “Juventude sem Futuro” (coletivo formado no início de abril), Attac, os contra a lei Hadopi à espanhola, os que pregam que ninguém vote nas eleições e outros.

Muitas dessas associações nasceram com a crise econômica que fez aumentar muito o desemprego, que já alcança 20% na Espanha (45% entre os jovens).

Durante semanas, sob silêncio absoluto na imprensa – com algumas raras exceções – e nos partidos políticos, mais de 200 organizações prepararam juntas uma série de manifestações previstas para acontecer dia 15 de maio em mais de 50 cidades da Espanha, com uma palavra-de-ordem:

“Não somos mercadorias nas mãos dos políticos e dos banqueiros!”

Em seu manifesto, o movimento Democracia Real Ya apresenta-se como formada de pessoas “normais”, de várias linhas de pensamento, com diferentes propostas. Os membros falam das lacunas da lei eleitoral espanhola, que favorece o bipartidarismo; denunciam a corrupção, os problemas de moradia, o desemprego, a crise …

“Se não nos deixam sonhar, não os deixaremos dormir!”

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