Narcotraficantes mexicanos confessam execução dos 43 estudantes entregues a eles pela polícia de Iguala

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O vídeo abaixo denuncia o desaparecimento em 26 de setembro deste ano de 43 estudantes mexicanos que seguiam para a Cidade do México, capital do país, para participar da Marcha de protestos de 2 de outubro.

O ônibus dos estudantes de Ayotzinapa foi abordado por policiais de Iguala (Guerrero) e narcotraficantes de um cartel local. Seis dias depois foram encontrados 28 corpos em uma vala clandestina de Iguala. Hoje, o jornal O Público (matéria reproduzida abaixo) revela que os 43 estudantes desaparecidos foram assassinados.

Não vemos na mídia monopolizada no país qualquer proximidade da cobertura que fazem das tentativas de golpe da direita venezuelana contra o governo de Maduro e não há nada semelhante ocorrendo na Venezuela com o que está ocorrendo no México.

E o assassinato de 43 estudantes  não é um caso isolado no México: em 2010 foram 72 corpos encontrados em San Fernando (Taumalipas); em 2011, foram 133 corpos encontrados no mesmo lugar e mais 351 em Durango y Lerdo (Durango), em 2013, 109 corpos em La Barca (Zapopan) e Tlajomulco (Jalisco).

Mas como diz o professor André Augusto da Fonseca:  "México e Colômbia podem torturar e assassinar centenas de camponeses, sindicalistas e estudantes todos os anos, mas enquanto forem aliados dos EUA a mídia amestrada brasileira continuará considerando-os como modelos para o Brasil."

Autoridades mexicanas admitem que os 43 estudantes desaparecidos foram assassinados

Por: ROSA SOARES, Público

08/11/2014 - 11:49 Narcotraficantes confessaram a morte dos estudantes e foram encontrados restos mortais de corpos no local onde terão sido deixados.

mexico-estudantes-assassinados O presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, promete fazer justiça sobre o desaparecimento dos estudantes. Foto: HENRY ROMERO/REUTERS

Três narcotraficantes detidos no México confessaram o assassinato de um elevado número de pessoas e a investigação encontrou vestígios de corpos no local onde alegam terem queimado os corpos, revelações que podem pôr fim à esperança de encontrar vivos os 43 estudantes desaparecidos desde 26 de Setembro.

A informação foi dada esta sexta-feira pelo Procurador-geral do México, em conferência de imprensa, onde revelou que o assassinato, muito provavelmente dos estudantes, foi confessado por membros do cartel Guerreros Unidos.

O Presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, já reagiu aquilo a que chamou de "crime abominável" e prometeu fazer justiça sobre o caso. "Aos pais dos jovens desaparecidos e à sociedade, asseguro que não vamos descansar até que a justiça seja feita".

Segundo as declarações do procurador Jesús Murillo Karam, os  três detidos do cartel - Patrício Reyes, Jonatan Osorio e Agustín García -, confessaram a autoria da morte “de dezenas de pessoas” e que os corpos foram depositados numa lixeira e queimados com pneus e gasolina.

As confissões obtidas e os restos mortais encontrados “indicam muito lamentavelmente o homicídio de um grande número de pessoas na região de Cocula", avançou o procurador. Ainda assim, Jesús Murillo Karam salvagurada que, até a análise dos restos mortais encontrados, a realizar na Áustria, “os estudantes ainda são considerados desaparecidos”.

A prova de que os restos mortais são dos estudantes pode não ser tarefa fácil. Segundo informações do procurador, os traficantes confessaram que os restos mortais calcinados foram colocados em sacos de plástico e atirados a um rio próximo.

Um dos sacos foi encontrado fechado, adiantou o responsável, mas salvaguardou que pelo "alto nível de degradação, devido ao fogo, será muito difícil extrair um ADN que permita a sua identificação”. Acrescentou, no entanto, que “não serão poupados esforços até esgotar todas as possibilidades científicas”.

Segundo o procurador, "os três detidos são membros do Guerreiros Unidos e nos depoimentos admitiram terem recebido e executado um grupo de pessoas que lhes foi entregue pela polícia municipal de Cocula e Iguala".

Recorde-se que o grupo de estudantes desapareceu na cidade Iguala, após ter sido preso pela policia.

No início da semana, a polícia mexicana prendeu o presidente da câmara de Iguala, José Luis Abarca, e a sua mulher, María de los Ángeles Pineda, apontados como os mentores dos ataques contra estudantes, e que estavam fugidos.

Segundo as investigações, os jovens foram sequestrados por policias municipais sob as ordens do autarca de Iguala, alegadamente para evitar que invadissem um evento público da sua mulher, que aspirava ser a próxima presidente da cidade.

O caso do desaparecimento dos estudantes tem estado na origem de várias manifestações, em vários estados mexicanos, e mesmo fora do país. Os desenvolvimentos agora conhecidos representam um duro golpe na esperança de encontrar os estudantes com vida. Ainda assim, vários testemunhos de pais continuam a pedir às autoridades do país que reforcem a investigação, por considerarem que não estão esgotadas as possibilidades de encontrar os jovem vivos.

Após o anúncio do procurador-geral, também a Amnistia Internacional divulgou um comunicado onde considera que se está perante "um crime de Estado", e critica as investigações "limitadas e incompletas" feitas ao desaparecimento dos estudantes.