O falso Picasso e o falso jornalismo que te vende embuste como se fosse interesse público

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Jorge Furtado é o nosso Michael Moore melhorado, poético, quem não se impressionou com Ilha das Flores?

Furtado consegue deixar tão claro para todos em seus documentários a questão que deseja investigar. Em o  Mercado de Notícias, de 2014, ele investiga a produção do jornalismo no Brasil. Entrevista uma gama de novos e velhos jornalistas, foram horas de entrevistas durante o ano de 2012 (veja a playlist ao final do post com as entrevistas na íntegra).

A cena selecionada pelo Alexandre Valadão no vídeo a seguir é tão didática, mas tão didática sobre uma questão que este blog e tantos outros na internet discorrem constantemente que até mesmo o leitor mais conservador deste blog irá refletir sobre o quão ruim é ter um jornalismo concentrado, de discurso único e que entrega notícia falsa. Enfim, um jornalismo preguiçoso, incompetente, que faz política o tempo todo, que prega defender o interesse público, mas só busca assegurar os interesses de seus proprietários, faz política conservadora, reacionária o tempo todo, mesmo quando o tema não é a política, mas não faz jornalismo.

Como vender algo se não entrega o prometido? Assistam e reflitam:

O que mais me chama a atenção na pobreza do jornalismo monopolizado no Brasil é que ele efetivamente poderia fazer o debate público necessário, mas não o faz, age como um partido político, põe acima dos interesses nacionais, seus interesses econômicos.

No caso relatado no trecho acima isso fica bem claro. Há uma notícia, mas não a apontada por todas as capas de jornais que espalhara sua 'barriga' gorda para outros jornais e sites do mundo.

a notícia

notícia falsa e os sentidos da notícia

A notícia é o que não contam: o quadro a mulher de branco no INSS é falso, mas quem entregou uma reprodução ao INSS como pagamento de dívida junto ao órgão? Quem aceitou este embuste que lesou o Estado e o povo brasileiro? Quem é o historiador que atestou um quadro falso?

historiador

Mesmo confrontados com a verdade não se deram ao trabalho de fazer o mínimo, checar. E como se fosse pouco espalhar uma mentira globalmente, mostrando sua imensa ignorância, pois é sinal de ignorância falar de arte sem um mínimo de conhecimento, já que o quadro de Picasso está em um museu nos Estados Unidos e uma simples busca na rede podemos ter esta informação. À época o sentido da notícia era porque o falso quadro estava ao lado de uma foto do presidente Lula, foto que há em todas as repartições públicas. O objetivo mais uma vez era o de culpar/diminuir um governo popular, petista fosse pelo que fosse. Aí a culpa implícita era, olha que governo incompetente, bronco, temos uma obra de arte valiosa e ele nem sabia. Anos depois republicam a notícia falsa do quadro do Picasso ao lado de Lula, quando um incêndio atingiu a repartição, celebrando o herói que salvou a obra de arte!!!!. O que era de interesse público na notícia: quem enganou o INSS,  quem lesou o patrimônio público? Isso não ficamos sabendo, porque o jornalismo não foi feito.

Quem censura os jornalistas, quem o impede de realmente entregar as notícias? Nos tempos da ditadura era governo militar, hoje são os donos dos meios de comunicação concentrados.

A credibilidade de jornais, revistas, rádios e tvs em mãos de pouquíssimas famílias que defendem seus interesses privados travestidos de interesse público está na ralo.

Abaixo uma playlist com os jornalistas entrevistados para a produção do documentário. Há ainda no youtube os atos com os atores que encenam a peça “The staple of News”, de Ben Jonson, mesclada no documentário.

Não encontrei o vídeo na íntegra, se alguém encontrar, por favor, deixe o link nos comentários neste post.