Serra é fã do "puxadinho" até na educação

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Leia as duas notícias a seguir e avalie se este senhor tem envergadura para administrar o Brasil. Lembre-se: ele governou a cidade mais rica do país (abandonou o mandato) e depois governou o estado mais rico do país e também abandonou o mandato e além de deteriorar o salário dos professores, tratá-los como bandidos, à porrada e gás de pimenta, Serra fez puxadinho nas quadras de escolas de bairros pobres da cidade.

Estado cancela puxadinho em escola da zona sul de SP e vai transferir alunos

JÉSSIKA TORREZAN, do Agora 19/02/2009 - 09h17

Depois de um protesto de pais e funcionários na segunda-feira, o governo José Serra (PSDB) suspendeu ontem a reforma na escola estadual Dr. Ayres Neto, em Pedreira (zona sul de SP). A secretaria havia decidido instalar salas provisórias de madeira, na quadra da escola, para abrigar alunos de outro colégio da região, o Francisco Alves Mourão, que está com classes superlotadas e onde as crianças têm aulas em turnos de duas horas para que todos possam estudar.

Segundo a pasta, cerca de 240 estudantes da Mourão serão transferidos para outra escola, a Professor Eusébio de Paula Marcondes, a partir de amanhã. O local fica a 8 km do colégio onde as crianças estudam atualmente.

Zanone Fraissat / Folha Imagem
Estado cancela puxadinho feito de madeira em escola da zona sul da  cidade de São Paulo e vai transferir alunos para otura unidade
Estado cancela puxadinho feito de madeira em escola da zona sul da cidade de São Paulo e vai transferir alunos para outra unidade

Com isso, o Mourão passará a ter apenas dois horários, acabando com o turno da fome. A secretaria promete dar o transporte entre as escolas.

A Eusébio Marcondes, que hoje atende a crianças da 5ª à 8ª série do ensino fundamental e do ensino médio, passará a ter também 3ª e 4ª séries do fundamental. Ainda segundo o governo, a escola tem capacidade para abrigar todos os alunos e não haverá salas provisórias.

Segundo funcionários da Ayres Neto --que pediram para não ser identificados--, a diretora de ensino da região Sul 1, Beatriz Muzi, foi ao local na tarde de ontem e confirmou que as obras não serão terminadas. Os funcionários também disseram que a única reforma que continuava era a da cozinha, já que os alunos estavam recebendo merenda seca --isto é, biscoitos.

"A luta agora é para que a secretaria conserte o que quebrou. Queremos saber quando eles vão tirar toda aquela madeira da quadra", contou o professor Pedro Paulo Vieira, que dá aulas no local e é diretor da Apeoesp, o sindicato de professores do Estado.

Os alunos também gostaram da novidade, já que, segundo eles, o barulho das obras atrapalhava a concentração. "Ainda bem que hoje [ontem] já não teve barulho. Só falta agora consertar os bebedouros que já tinham sido quebrados", disse um aluno da 1ª série do ensino médio.

Pais ficaram aliviados. "Com tudo lotado, o ensino piora muito. Imagina as crianças que teriam de estudar na sala de madeira, o calor? Agora só tem de reformar a cozinha", disse Maria Auxiliadora Costa e Silva, 43 anos, que tem uma filha e cinco sobrinhos estudando no local.

Estado põe aluno em puxadinho de madeira Para acabar com o “turno da fome”, governo José Serra improvisa sala de aula em quadra no Jardim Ângela, zona sul de SP

504 alunos serão alojados nas seis salas; aulas de educação física terão de ser ministradas em um pátio interno da escola

c1702200901 Funcionários trabalham em uma das salas de madeira improvisadas dentro da quadra esportiva LAURA CAPRIGLIONE DA REPORTAGEM LOCAL, na FSP 17/02/2009

Os alunos da Escola Estadual Professora Eulália Silva, no Jardim Ângela, zona sul de São Paulo, começaram as aulas com uma novidade. Onde havia a quadra de esportes, coberta há cerca de dois anos, os gols e as tabelas de basquete, a gestão José Serra (PSDB) improvisou seis salas de aula feitas de madeirite, aquelas folhas de madeira usadas para cercar obras.

As aulas de educação física, a partir de agora, serão ministradas em um pátio interno da escola, inadequado à prática de esportes de quadra -o pé direito é baixo e a área é pequena.

Ontem, as salas de madeirite não estavam prontas. Operários pintavam as paredes e fixavam as telhas de brasilite. O mobiliário escolar continuava empilhado. Não havia lousas.

Segundo a diretora Tânia Lucia dos Santos Escaler, 44, tudo deverá estar pronto hoje, quando devem começar as aulas dos 504 alunos de 1ª a 4ª séries, que serão alojados no “puxadinho”.

A construção de alvenaria da escola tem 30 anos. Dispõe de 12 salas de aula. Mas o número é insuficiente para os 2.000 alunos dos ensinos fundamental e médio (há ainda uma classe para deficientes auditivos).

Seis por meia dúzia Para acomodar todo mundo, o Eulália sempre teve três turnos diurnos (7h-11h, 11h-15h, 15h-19h), em vez dos clássicos turnos da manhã e da tarde.

Como o tempo de permanência dos estudantes na escola fosse pequeno durante a semana, obrigavam-se professores e alunos a também ter aulas aos sábados. “Nós não estamos trocando seis por meia dúzia”, diz a diretora. De fato. Troca-se meia dúzia de dias de aula por cinco, com duração maior (7h-12h e 13h-18h). Com isso, acaba o chamado “turno da fome” -das 11h às 15h.

Segundo a diretora, as novas classes permitirão atender à reivindicação dos professores, que assim economizarão tempo e dinheiro de transporte.

Pais e alunos não ficaram tão animados. No auge do programa Escola da Família, ao qual o Eulália aderiu com entusiasmo em 2003, abrindo suas instalações para atividades extra-classe nos finais de semana, um dos pontos fortes, dizia-se, era o “efeito psicológico” de franquear a quadra a alunos que antes eram obrigados a pular o muro às escondidas para bater uma bolinha.

E agora? “A comunidade tem uma enorme capacidade de adaptação. Encontrará outros lugares para a prática desportiva”, diz a diretora, para a qual as aulas de educação física também não serão afetadas. “É só mudar as atividades.”

A engenheira Maria Célia Ribeiro Sapucaí, 58, diretora do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo, diz que um ponto crítico das novas salas pode ser o isolamento acústico, já que os ambientes serão usados por turmas em geral barulhentas (cerca de 30 meninos com idades entre 7 e 10 anos).

No governo Luiz Antonio Fleury Filho (1991-1995), na zona leste de São Paulo, construiu-se a Escola Estadual Cohab Carrãozinho com placas de madeira. Era para ser provisório. Durou 10 anos. Na época, um garoto dizia: “Gosto das aulas de português. Só que, quando a professora faz as leituras, a gente não consegue ouvir tudo nem consegue fazer as lições. O barulho é muito grande”.

A diretora do Eulália não se intimida com o precedente: “Eu não crio problema antes de ele existir”.