Turma do STF toma decisão inédita em 20 anos

Leia na coluna de Cleber Lourenço: A Segunda Turma do STF, por três votos a um, decidiu simplesmente descumprir uma decisão tomada em setembro pelo ministro Marco Aurélio, algo inédito nos últimos 20 anos

Suprmeo Tribunal Federal, em Brasília (Foto: Divulgação)
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É assustador como o espírito de Dom Quixote (de sair lutando com tudo que vê pela frente) anda contaminando o judiciário brasileiro. E a "contaminação" ainda vem por fora, de parcelas consideráveis do Ministério Público que, com a Lava Jato, buscou normalizar os "barracos" institucionais e assim contribuir para a bagunça em que vive o país.

Faz mal para a Justiça brasileira e para o Brasil ter uma Suprema Corte com ministros brigando publicamente o tempo todo com requintes de vaidade ou ativismo/militância.

Vivemos tempos estranhos. Depois do ministro Barroso suspender o mandato de um senador eleito em uma decisão monocrática e uma sucessão de destrambelhos entre Fux e Marco Aurélio com a soltura do bandido André do Rap, o bom senso passou a ser algo secundário na casa.

A Segunda Turma do STF, por três votos a um, decidiu simplesmente descumprir uma decisão tomada em setembro pelo ministro Marco Aurélio, algo inédito nos últimos 20 anos.

Marco Aurélio, na ocasião, havia decidido suspender o processo de extradição de um dos sócios da Telexfree para os EUA.

Quem foram os "vanguardistas" do tumulto? Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Cármen Lúcia. Edson Fachin estranhamente, desta vez, não embarcou na aventura.

Me estranha também ver Gilmar Mendes adotando tal postura e contribuindo para a campanha em prol da desordem institucional que tentam instaurar no país desde 2013.

Não dá! Já faz algum tempo que "coisas estranhas" ocorrem no STF. Ministros militando abertamente contra a Constituição no caso da prisão em segunda instância, ministros que são contra decisões monocráticas apenas quando estas são contra suas convicções (juiz de garantias) e ainda temos ministros legislando com a toga.

E tudo isso, mais uma vez, é mais uma contribuição da Lava Jato e seu comportamento acintoso que bateu de frente com o STF, com superiores hierárquicos como a PGR e que atuou ativamente para manobrar Tribunais de Justiça por todo o país, isso quando não almejavam lançar candidatos em cada estado da federação.

Por fim, deixo essa coluna como mais um registro de mais um capítulo da escalada da desordem institucional que buscam instaurar no país.

Não devemos aplaudir e nem achar graça nesses acintes e barracos institucionais, no fim o mais humilde acaba sendo sempre o mais prejudicado.

*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum

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