o voto distrital e a despolitização das eleições

o problema do voto distrital é que ele torna o voto menos ideológico, menos político, mais pessoal. ao invés de podermos votar em um projeto político-ideológico com o qual nos identificamos, estaremos restritos a escolher apenas entre candidatos que morem perto de nós. ou seja, teremos proximidade geográfica com nossos candidatos mas não proximidade ideológica. hoje, partidos pequenos, como psol e pv, ainda conseguem eleger vereadores e deputados e, graças ao quociente eleitoral, até criar bancadas. com o voto distrital, só partidos grandes, como psdb, pmdb, pt, teriam bala na agulha para ter candidatos na maioria dos distritos. a maioria da população viveria em distritos onde suas únicas opções seriam candidatos desses partidos grandes: na prática, perderiam o seu direito de votar em partidos menores, mas mais alinhados com sua ideologia e seu projeto político. por tudo isso, o voto distrital acaba com os partidos pequenos e fortalece mais e mais uma tendência ao bipartidarismo. se o adotássemos hoje, estaríamos petrificando na nossa política a dicotomia psdb-pt que, talvez, não dure nem mais uma eleição. além disso, no voto distrital, a pessoa que elabora os distritos (quem será? como será escolhida?) tem um poder desproporcional de influenciar o resultado das eleições, um poder que, no nosso atual sistema, ninguém tem. nosso atual sistema é infinitamente melhor. mesmo com o tiririca. que não foi um deputado tão ruim assim. * * * gosta dos meus textos? então, assine o meu newsletter e leia prévias exclusivas: alexcastro.com.br/assine