Repressão e genocídio, a tônica do golpe

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O golpe foi consumado no dia 31 de agosto de 2016. Um golpe não só contra a presidenta Dilma Roussef, eleita democraticamente. Mas também contra o programa político que foi escolhido pela sociedade. O governo que entra em cena propõe congelar os investimentos em saúde e educação por 20 anos, desvincular os benefícios da aposentadoria do salário mínimo, aumentar a idade mínima para se aposentar, implantar mecanismos que reduzem os direitos trabalhistas, entre outras coisas. Alguém votou em algum candidato que disse explicitamente que iria fazer isto? Os próprios golpistas sabem disto. Sabem que este programa é antipopular e vai gerar descontentamentos e revoltas. E para contê-las contam com a expertise do ministro da Justiça, Alexandre Moraes, que comandou durante anos a política de brutal repressão em São Paulo. Assassinatos e repressão A primeira semana do golpe foi sintomática disto. As manifestações contra o golpe foram duramente reprimidas, com uma ativista sendo cegada por balas de borracha, tática de cerco e agressão, prisões ilegais, entre outros. E na quarta feira, a PM fuzilou dois meninos do Jardim São Remo, favela que fica atrás do campus da USP. As retaliações vieram no dia seguinte, com queima de ônibus e ameaças de imposição de toque de recolher. Situação que só ganhou certo destaque porque afetou o cotidiano da USP. É fundamental que se faça esta articulação: a polícia que reprime as manifestações quando elas ocorrem é a mesma que reprime e mata jovens negros na periferia cotidianamente. Uma política de repressão, que tudo indica será a tônica do governo golpista, se baseará justamente na intensificação destas ações - a de repressão aos movimentos sociais e do genocídio da juventude negra. Até porque um governo que corta gastos sociais só tem como resposta à periferia a repressão e o extermínio.