Passeata do dia 13 teve mais negros que no dia 15

Pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo mostra que, em São Paulo, havia mais negros e pobres no dia 13 que na manifestação do dia 15 que pedia o impeachment da presidenta. A diferença, porém, não é tão grande como se pensava.

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Pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo (clique aqui para ver) detectou que 43% dos participantes da passeata do dia 13 de março (convocada pela CUT. MST e outros movimentos sociais) eram negros (pretos e pardos). Na manifestação do dia 15, em defesa do impeachment de Dilma, este índice foi de 25%. Entre os que se manifestaram no domingo, 65% se declararam brancos contra 46% da passeata de sexta. Ambas pesquisas foram realizadas com os manifestantes da cidade de São Paulo. Há também diferenças no tocante a renda, segundo a pesquisa. 58% dos entrevistados na passeata do dia 13 declararam ter renda familiar de até 5 salários mínimos. Enquanto isto, na passeata do dia 15, a maioria (63%) se situava nas faixas acima de 5 salários mínimos, com predominância da renda acima dos 10 salários mínimos (35%). Quanto a escolaridade, nas duas manifestações a maioria tinha ensino superior completo, porém a presença destes era maior na passeata do dia 15 (75% contra 60%). O que chama a atenção entre os manifestantes do dia 15 é a sua quase não participação em movimentos ou organizações sociais. Apenas 6% deles participam de sindicatos, 1% de entidades estudantis, 2% de partidos políticos e 8% de organizações religiosas. A esmagadora maioria não participa de nenhuma forma de organização. Entretanto, 76% dos entrevistados que participaram da manifestação do dia 15 dizem interessados ou muito interessados em política, contra 68% dos que participaram da passeata do dia 13. Os dados apontam que, de fato, há um certo corte racial e social entre os que foram no dia 13 e no dia 15, porém não com a intensidade de que se pensava. As diferenças de posicionamentos relativos a questões como descriminalização do aborto, adoção de crianças por casais homossexuais e defesa da democracia foi favorável para a maioria em ambas manifestações, com uma vantagem dos que foram no dia 13. A diferença mais significativa foi com relação a adoção da pena de morte - 69% dos manifestantes do dia 13 se declararam totalmente contrários contra apenas 37% dos que foram no dia 15. A grande diferença entre as duas manifestações foi com relação ao governo Dilma, a corrupção. No dia 15, foram os que não votaram em Dilma (mas nem todos votaram em Aécio) e não aceitam a sua vitória, defendem o impeachment e consideram que a corrupção é o maior problema do país, chegou a níveis alarmantes, a economia e a sua situação vai piorar. A pauta mais direitista entrou de carona neste barco e foi manifestada por um universo minoritário, mas com certo peso.