Diplomatas dos EUA transitavam pelo governo Lula

Documentos revelados pelo Wikileaks mostram a facilidade com que membros da Embaixada dos EUA têm acesso a representantes do governo, líderes de partidos e importantes figuras do meio empresarial e político. Os telegramas mostram que dois assessores de Lula estabeleceram estreita relação com a Embaixada dos EUA, e se declararam dispostos a manter um canal de diálogo aberto: Hélio Costa e Gilberto Carvalho.

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por Juliana Sada Os últimos documentos revelados pelo Wikileaks mostram a facilidade com a qual os membros das embaixadas americanas têm acesso aos membros do governo, líderes de partidos e importantes figuras do meio empresarial e político. Os telegramas mostram que dois importantes membros do governo Lula estabeleceram uma estreita relação com a embaixada dos EUA e se declararam dispostos a manter um canal de diálogo aberto. São  Hélio Costa, que era Ministro da Comunicação, e Gilberto Carvalho, então chefe do gabinete pessoal do presidente Lula e atual secretário-chefe da Presidência. Canal direto com Lula Telegrama confidencial datado de primeiro de novembro de 2006, logo após a reeleição de Lula, relata um encontro de Gilberto Carvalho com o embaixador americano Clifford Sobel e o conselheiro político da embaixada. Carvalho afirmou que, no segundo mandato, Lula iria investir em “relações de qualidade com os tradicionais parceiros” e que para o Brasil crescer seria necessário envolver-se mais intensamente com os Estados Unidos. Apesar da boa notícia, Sobel questionou as críticas que os EUA teriam recebido por funcionários do alto escalão do governo. Carvalho prontamente tranquilizou o embaixador e pediu sua compreensão caso “a retórica durante a campanha tenha ocasionalmente parecido crítica aos Estados Unidos”. Ao final do encontro, Carvalho teria dado o número de seu telefone pessoal e “os encorajado a contatá-lo diretamente a qualquer momento, se houvesse alguma dificuldade no desenvolvimento das relações entre os dois governos, ou se eles desejassem apresentar alguma questão diretamente ao presidente Lula”. O documento relata brevemente encontros com o General Jorge Armando Félix, Ministro Chefe do Gabinete de Segurança Institucional, e Luiz Furlan, Ministério do Desenvolvimento. Ambos reafirmaram o interesse em aprofundar a cooperação com os EUA.  A receptividade surpreendeu o embaixador: “é intrigante que tenhamos recebido um intenso fluxo constante de fortes sinais dos altos conselheiros de Lula, no dia seguinte à sua vitória. Vamos ficar atento ao que virá”. Porta aberta no PMDB Já Hélio Costa se reuniu com o embaixador em setembro de 2009, quando discutiram assuntos diversos desde as eleições presidenciais até a política externa do governo, passando pela área de comunicação. O então ministro declarou seu desejo de ver as relações entre Brasil e EUA fortalecidas, relembrando os anos que vivera no país, como jornalista correspondente da TV Globo. Costa falou de seus esforços na disseminação do acesso à internet sem fio, “usando muitas empresas americanas no processo”. E explicou o porquê da escolha do padrão japonês para a TV digital ao invés do americano mas garantiu que para o rádio digital, o padrão escolhido seria o americano. O telegrama, assinado pelo diplomata Philip Chicola, afirma que “Costa foi generoso com o seu tempo e demonstrou evidente interesse em manter um canal aberto de comunicação com o embaixador. Na verdade, ele sugeriu numerosos encontros e jantares com líderes no Senado e do seu partido. Nós vamos potencializar essa disposição para ganhar acesso a outros líderes do PMDB e promover e defender as ações dos EUA na comunicação e em áreas relacionadas”.