Empresários brasileiros fizeram lobby no Haiti

por Natalia Viana: Um documento publicado hoje pelo WikiLeaks revela que empresários brasileiros pressionaram o governo americano para entrar na iniciativa Hope II. A empresa Coteminas, do ex-vice-presidente José Alencar, liderou o pedido. A Hope II é a continuação da Lei Hope, que criou “zonas francas” para a produção de têxteis, chapéus e pijamas no Haiti.

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Empresários brasileiros fizeram lobby por “zona franca” no Haiti por Natalia Viana, no blog CartaCapital Wikileaks Um documento publicado hoje pelo WikiLeaks revela que empresários brasileiros pressionaram o governo americano para entrar na iniciativa Hope II. A empresa Coteminas, do ex-vice-presidente José Alencar, liderou o pedido. A Hope II é a continuação da Lei Hope, ou Oportunidade Hemisférica Haitiana (Opportunity through Partnership Encouragement), aprovada em 2007 pelo governo dos Estados Unidos. A lei criou “zonas francas” para a produção de têxteis, chapéus e pijamas no Haiti. Os bens podem ser exportados aos EUA livres de impostos. O pedido para a inclusão de empresas brasileiras foi feito por Josué Gomes da Silva, presidente da Coteminas, dona da marca Santista, ao ex-embaixador americano Clifford Sobel, em 29 de junho de 2009 Josué Gomes, filho de José Alencar, é coordenador do Fórum de CEOs Brasil-Estados Unidos, uma  iniciativa dos ex-presidentes Bush e Lula para estimular o fluxo comercial entre os dois países através de parceria com os governos. CEOs de diversas empresas e representantes governamentais participam do fórum. “Gomes da Silva pediu urgência no progresso no requerimento do governo americano para participação brasileira no Hope II como uma maneira de impulsionar o desenvolvimento no Haiti”, descreveu Sobel em um telegrama, afirmando que levaria o pedido ao governo americano. Em 17 de setembro de 2009, o Brasil ratificou com os Estados Unidos um plano para o estabelecimento de fábricas brasileiras no Haiti, sob os termos da lei Hope. A iniciativa permite a exportação dos bens produzidos para os dois países – sem pagar impostos. ONGs haitianas denunciam que as empresas estrangeiras que fazem parte do Hope lucram em dobro, pois o preço da mão-de-obra no Haiti já é bem inferior aos demais países.