Folha e Globo querem lulismo sem Lula!

A estratégia da velha mídia parece cada vez mais evidente: dianta da força de Lula (que tem o carisma e a história recente) e de Dilma (que tem o poder e o apoio de Lula), procura-se fraturar o lulismo. A idéia é abrir uma cunha entre os dois. A operação está clara desde os primeiros dias do governo Dilma. Dilma mandou o recado: quero normalizar as relações com vocês.

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por Rodrigo Vianna A estratégia da velha mídia parece cada vez mais evidente: dianta da força de Lula (que tem o carisma e a história recente) e de Dilma (que tem o poder e o apoio de Lula), procura-se fraturar o lulismo. A idéia é abrir uma cunha entre os dois. A operação está clara desde os primeiros dias do governo Dilma: - elogios à postura de "estadista" de Dilma ("discreta") em contraposição ao "populismo" de Lula; - elogios à forma como Dilma conduziu a política econômica (aumento de juros, freio nos salários, corte de gastos), de forma "responsável", em contraposição à "gastança" de Lula; - elogios à "nova política externa" de Patriota, em contraposição à dupla Amorim/Lula. Editoriais elogiosos foram a face visível dessa operação. A face invisísel são conversas ocorridas nos bastidores - conversas que têm como objetivo aproximar Dilma da velha mídia (por isso, ela foi à festa da "Folha", por isso ela almoçou com a direção da Globo depois de participar do Ana Maria Braga). Dilma mandou o recado: quero normalizar as relações com vocês.  A velha mídia aceitou a sinalização. Vê com bons olhos o movimento, porque em algum momento precisará da força do governo para se contrapor à grana das teles. Sem apoio político, Globo+Abril+Uol não fazem frente às teles. Por isso, o jogo está sendo jogado, com suavidade. Aceita-se Dilma, e tenta-se vender a idéia de que Dilma é um lulismo melhorado. É um lulismo sem Lula. Ok. Mas a velha mídia não brinca em serviço: enquanto afaga Dilma, ataca Lula. A matéria de "Época" foi apenas o ensaio do que virá por aí. Sem o poder, imaginam os barões da velha mídia, Lula não terá como reagir. Imaginam, também, que Dilma não saírá em defesa do líder, deixará que ele se defenda sozinho. A estratégia é descontruir Lula agora. Tolerar Dilma. Mais à frente, se necessário, parte-se contra Dilma. Aécio estará à espreita, preparado para entrar no jogo. A movimentação na oposição mostra que a vez será de Aécio em 2014. Os outros sofrem... - Serra está sob pressão. Alckmin quer empurrá-lo para a Prefeitura em 2012. Se aceitar, Serra terá contra si a pecha de assumir mandato e largar pelo caminho (como fez em 2006, largando a Prefeitura para concorrer ao governo). Se não concorrer, não terá máquina para se contrapor ao alckmismo em São Paulo. - Alckminn tem que lutar pela sucessão em 2014; enfrentará PT e ainda Kassab (que pode fazer jogo duplo - apoio do lulismo e do serrismo por baixo do pano). Aécio é quem tem a casa mais arrumada. Anastasia é bom gestor, afinado com Aécio. Não há disputa em Minas. Resta a Aécio convencer a classe dominante brasileira de que ele pode gerir o país. Há quem não goste do jeito "collorido" do mineiro - afeito às festas e às aventuras amorosas. Se Aécio se mostrar confiável, terá o apoio da velha mídia. Do contrário, o plano parece ser capturar Dilma para um lulismo sem Lula. Os colunistas de jornal acreditam tanto nisso que chegaram a brigar para manter Agnelli (desafeto de Lula) na Vale. Como seria impossível, contentaram-se em "nomear" Tito Martins para o cargo. A"Folha" deu como certo que ele era o nome para comandar a mineiradora no lugar do Agnelli. Dilma agiu por outros caminhos. Nomeou Murilo Ferreira para o cargo. Parece que a família Marinho e os Frias não mandam como gostariam no governo de Dilma. Eles queriam lulismo sem Lula e dilmismo sem Dilma. Não terão nem um nem outro.