Por que o lulismo cresceu e Dilma caiu?

Houve nas últimas semanas um duplo movimento, aparentemente contraditório, na disputa eleitoral. De um lado, nos Estados, a onda lulista cresceu - com vitórias estrondosas na disputa pelo Senado, especialmente. De outro lado, Dilma recuou - apesar de ter ficado a apenas 3 pontos de liquidar eleição no domingo.

Escrito en BLOGS el
Houve nas últimas semanas um duplo movimento, aparentemente contraditório, na disputa eleitoral que se trava no Brasil. De um lado, nos Estados, a onda lulista só cresceu: - na eleição para o Senado, a oposição deve sofrer uma derrota estrondosa (Cesar Maia, Artur Virgilio, Heráclito Fortes, Marco Maciel, Mão Santa e até Tasso Jereissati saíram derrotados); - o lulismo conquistou as duas vagas para o Senado no Paraná, Espírito Santo, Bahia, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Piauí, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Amazonas... Enfim, uma vitória que mudará completamente a correlação de forças no Senado; - a centro-esquerda pode eleger também quase 200 deputados para a Câmara - marca histórica; isso sem contar o PMDB; De outro lado, entretanto, Dilma recuou nas pesquisas. E acabou com 47% dos votos válidos (ela chegou a ter 55% dos votos totais, ou 60% dos válidos em algumas pesquisas, há um mês).   O que explica que, diante da avalanche lulista nos Estados, Dilma tenha caído? Na minha modesta opinião, a estratégia de desconstruir o PT (tentada pela mídia) não deu certo. O povão é PT, é Lula, e não abre! Até pelos resultados concretos na economia. Essa estratégia deu certo apenas em certos setores da classe média. No entanto, uma outra estratégia parece ter sido eficaz: lançar dúvidas não sobre o PT, ou sobre o lulismo, mas sobre a candidata. Será que ela é confiável, será que é a favor do aborto, será que é contra a religião? Como venho dizendo aqui, a bala de prata não foi uma só. Foram várias, e sua ação não foi imediata. No caso do terrorismo moral e religioso, a ação foi lenta e quase imperceptível. Mas é isso que explica a lenta queda de Dilma, enquanto o lulismo só prosperou. Com a eleição no segundo turno, a tarefa imediata do lulismo será conter o sangramento causado por essa bala de prata "moral" - sabendo que outras virão, muitas outras. A tênue trégua conseguida com a mídia (há informação segura de que um alto dirgente petista reuniu-se na terça-feira, no Rio, com a família Marinho, e acertou essa trégua pra última semana de campanha; reparem como o tom do noticiário mudou mesmo) pode se romper num eventual segundo turno. A campanha voltará a ficar suja e sangrenta.