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Sabem quantos projetos de Eduardo Bolsonaro beneficiaram São Paulo? Nenhum

Abre o olho, paulista: o bolsonarismo acha que você é otário e vai engolir os abacaxis que exporta do Rio para SP; Tarcísio e Eduardo Cunha são as buchas da vez

O "paulista" das Arábias Eduardo Bolsonaro. Foto: reprodução redes sociais
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CYNARA MENEZES

Nascido e criado no Rio de Janeiro, o filho Zero Três do presidente, também conhecido como "Bananinha" (apelido dado a ele pelo vice, general Mourão), usa como imagem de perfil nas redes sociais uma foto sua com a bandeira de São Paulo ao ombro e o skyline da capital ao fundo, com os dizeres: "Trabalhando por São Paulo, lutando por todo o Brasil". Mas o que exatamente Eduardo fez por São Paulo nestes oito anos? A contar por seus projetos na Câmara, absolutamente nada.

Em 2014, mesmo com seu forte sotaque carioca de playboy da Barra da Tijuca, Eduardo Bolsonaro conseguiu convencer os paulistas de que deveria ser eleito pelo Estado. E foi. Em 2018, repetiu a dose, e recebeu nada menos que 1.843.735 votos do eleitor paulista, se tornando o deputado federal mais votado da História do país. No entanto, a promessa de "trabalhar por São Paulo" ficou esquecida diante das pautas dos armamentos e ideológica. 

Papo furado

Desde 2015, Eduardo Bolsonaro apresentou 56 projetos de lei como autor ou co-autor e 4 PECs (Propostas de Emenda Constitucional). Absolutamente nenhum deles visou melhorar de alguma forma a vida do paulista. Os únicos projetos de lei com alguma relação com São Paulo apresentados por Bananinha foram as propostas de incluir o piloto Ayrton Senna e o tenente Alberto Mendes Júnior, executado na ditadura pela grupo de resistência armada VPR, no panteão dos Heróis da Pátria. A inclusão de Senna foi um dos dois únicos projetos aprovados pelo deputado até hoje –o outro foi a criação do Dia Nacional da Pessoa com Atrofia Muscular Espinhal.

Mas em quê isso afetaria os paulistas, às voltas com problemas graves como o déficit habitacional de 1 milhão de moradias na região metropolitana da capital, por exemplo? A maior parte dos projetos de Eduardo na Câmara dos Deputados diz respeito a armas, uma fixação da família Bolsonaro: foram 9 ao todo, o mais recente deles prevendo a autorização do porte de arma de fogo para mulheres sob medida protetiva decretada por ordem judicial. Bananinha, que é escrivão da Polícia Federal, também legislou sobre alterações no código penal, mudanças na educação e para proibir a "apologia" ao comunismo. Para os paulistas, especificamente, nada.

É mais fácil encontrar Eduardo nos Estados Unidos, Israel ou Dubai do que em São Paulo, a não ser em época de eleição. Em 2019, o Zero Três foi alvo de uma reportagem da VejaSP que dizia que os escritórios que ele mantêm na capital só vivem fechados e que ele não costuma dar as caras por lá. Será que os paulistas vão continuar votando em Eduardo Bolsonaro para representá-los na Câmara Federal, mesmo sem ele ter feito coisa alguma pelo Estado em quase oito anos de mandato?

Em 2022, os bolsonaristas querem empurrar outras duas buchas do RJ para SP: Tarcísio de Freitas, que concorre a governador sem nunca ter morado lá, e o ex-deputado cassado Eduardo Cunha, cuja última moradia conhecida foi Bangu 8. Os paulistas vão aceitar isso?

Os bolsonaristas tratam o paulista como otário. Na eleição de 2022, eles querem empurrar, além de Eduardo, outros dois abacaxis para São Paulo: os cariocas Tarcísio de Freitas, que concorre a governador pelo Republicanos sem nunca ter morado lá, e o ex-deputado cassado Eduardo Cunha, cuja última moradia conhecida foi Bangu 8. Inelegível por 8 anos, Cunha conseguiu os direitos políticos de volta graças a um desembargador de Brasília –o Ministério Público está recorrendo da decisão.

Ou seja, está mais do que claro que o bolsonarismo está exportando as buchas rejeitadas pelo Rio para São Paulo. Os paulistas vão aceitar isso? Tarcísio inclusive admitiu em junho que é do cunhado o imóvel cujo endereço apresentou ao TSE para conseguir aprovar sua candidatura, e que nunca residiu lá. Eduardo Cunha mudou o domicílio eleitoral para São Paulo no começo do ano, mas tampouco tem qualquer relação com o Estado.

Ex-bolsonaristas, Sergio Moro e sua mulher Rosangela, mais paranaenses que o barreado e a carne de onça, fizeram a mesma jogada, julgando o eleitor de São Paulo trouxa: "mudaram-se" para o Estado porque, com 33 milhões de votos, vai que sobravam alguns para eles, né? O ex-juiz e ex-ministro de Bolsonaro acabou sendo retirado da disputa justamente por irregularidades em seu "domicílio", mas a "conja" continua querendo se eleger deputada federal com votos dos cidadãos que de fato residem em São Paulo e conhecem seus problemas de perto.

Paulista, abre o olho!