O escritor Paulo Coelho anunciou nesta quarta-feira no twitter que a Fundação que mantém em seu nome e da mulher, a artista plástica Cristina Oiticica, irá bancar o Festival de Jazz do Capão, na Chapada Diamantina, censurado pelo secretário de Cultura de Bolsonaro, Mário Frias. A secretaria negou ao festival o direito de captar recursos via Lei Rouanet utilizando argumentos políticos e até religiosos.
"A Fundação Coelho & Oiticica se oferece para cobrir os gastos do Festival do Capão, solicitados via Lei Rouanet (R$ 145.000). Entrem em contato via DM pedindo a alguém que sigo aqui que me transmita. Única condição: que seja antifascista e pela democracia", tuitou Coelho.
Entre os motivos para negar a captação de recursos da lei Rouanet para o festival, que já está em sua 9ª edição, a secretaria de Cultura de Bolsonaro utilizou uma postagem no facebook do ano passado em que o festival se define como "antifascista e pela democracia".
"É um parecer absurdo, em nenhum momento o parecerista analisou o projeto de maneira técnica, artística", criticou o saxofonista Rowney Scott, idealizador e diretor artístico do festival, ao jornal Correio. "Ele simplesmente foi na nossa página e achou um post avulso, publicado num ano em que não teve captação de recursos e nem teve evento. Nos posicionamos enquanto evento antifascista e pela democracia, e ele fez o parecer em cima disso, com citações religiosas que desvirtuam completamente do que um parecer deveria tratar."
Na "análise técnica" da secretaria, aparece uma frase atribuída ao músico alemão Johann Sebastian Bach, que morreu em 1750: "O objetivo e finalidade maior de toda música não deveria ser nenhum outro além da glória de Deus e a renovação da alma". Criticado nas redes sociais, Mario Frias ameaçou de processo a jornalista Fabiana Moraes, que o chamou de "otário".
O perfil do festival agradeceu a Paulo Coelho pela iniciativa e confirmou a realização do festival em novembro.
Toma, otário!