Tragédia anunciada: gestão Covas ignorou pedido de escola para podar árvore que caiu e matou mulher

A árvore que caiu sobre carro e vitimou uma pessoa nesta terça-feira (2) ficava dentro de uma escola estadual, que abriu chamado à prefeitura de São Paulo para que fosse realizada a poda há quase 7 meses

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A tragédia causada pela queda de um árvore na Vila Mariana, Zona Sul de São Paulo, em meio ao temporal que atingiu a cidade e que resultou na morte de uma mulher, poderia ter sido evitada.

Isso porque, de acordo com apuração feita pelo SP1, da TV Globo, a direção da escola estadual Lasar Segall, onde ficava a árvore, solicitou em maio à prefeitura a poda da mesma. O pedido, feito através de abertura de chamado no aplicativo 156, no entanto, foi ignorado pela gestão de Bruno Covas (PSDB).

Nesta quarta-feira (2), o secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, esteve no local para acompanhar as esquipes de limpeza. A jornalistas, Soares afirmou que a árvore estava "aparentemente saudável", mas foi confrontado por um morador da rua, que afirmou que era comum ver galhos da árvore caindo.

O secretário ainda prometeu "aprimorar o acompanhamento" com relação a este tipo de acidente e ainda jogou a responsabilidade para a prefeitura, que é quem executa as podas de árvores no município. "A gente orienta as diretorias das escolas estaduais a entrarem em contato com a prefeitura", afirmou.

Em nota enviada à Fórum, a secretaria de Comunicação (Secom) da prefeitura de São Paulo, por sua vez, responsabilizou a escola, de gestão estadual, por supostamente ter aberto o chamado de poda de maneira incorreta. A gestão municipal também informa que o protocolo foi enviado à secretaria municipal do Verde e Meio Ambiente (SMVM), órgão da própria prefeitura. Ainda assim, a poda não foi feita, resultando na tragédia.

"A solicitação de serviço feita pela escola estadual Lasar Segall, em maio, foi realizada de forma incorreta ao indicar que se tratava de um parque e, dessa forma, o protocolo foi enviado para a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA)", diz a nota da gestão Covas.

A prefeitura informou à Fórum também que "sancionou, em janeiro deste ano, a Lei 17.267 aprovada pela Câmara Municipal que permite ao proprietário da área contratar empresas especializadas que tenham em seus quadros engenheiros agrônomos e florestais ou biólogos para emitir laudo e promover a poda ou o corte. Em caso de risco iminente, o corte pode ser realizado e a medida, devidamente documentada e atestada por profissional competente, comunicada posteriormente à Subprefeitura correspondente à região em que o imóvel estiver localizado".

"A Secretaria Municipal das Subprefeituras informa que entre janeiro e outubro deste ano foram podadas 144.718 árvores e outras 11.437, removidas. O prazo para poda de árvore caiu 91%, atingindo 43 dias. No início da gestão, esses serviços demoravam, em média, 507 dias para atender os pedidos dos munícipes", diz o texto.

O acidente

Uma mulher de 45 anos morreu nesta terça-feira (1º) quando uma árvore caiu sobre o carro que ela dirigia na Vila Mariana (Zona Sul de SP). O acidente aconteceu durante a tempestade que atingiu a capital paulista na tarde desta terça.

No carro estavam ainda duas crianças, uma menina de 8 e um garoto de 10 anos, e um homem de 45 anos. Os bombeiros resgataram primeiro as duas crianças e as levaram ao Pronto-Socorro São Paulo, próximo do local. O homem ficou preso nas ferragens e os bombeiros o resgataram com vida e o levaram ao pronto-socorro do Hospital das Clínicas.

A capital paulista teve ainda outra queda de árvore sobre carro nesta terça-feira, no bairro do Ipiranga (Zona Sul). Nesse caso, o trabalho dos bombeiros foi dificultado porque fios energizados caíram junto sobre o veículo. Mas nesse caso os dois passageiros foram resgatados com vida.