Estudo mostra que Farmácia Popular reduz 27,6% das internações e 8% das mortes por hipertensão e diabetes

Programa está na mira do governo Bolsonaro, que quer usar sua verba para o Renda Brasil

Foto Ministério da Saúde
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Um estudo publicado na Revista de Saúde Pública quantificou os benefícios do programa Farmácia Popular, que o governo Bolsonaro quer extinguir para direcionar a verba ao Renda Brasil. O artigo revela que ele diminuiu 27,6% das internações e 8% dos óbitos por hipertensão arterial e diabetes mellitus no Sistema Único de Saúde (SUS).

Importante destacar que a maior causa de mortes no Brasil são as doenças cardiovasculares, agravadas exatamente com hipertensão e diabetes. Ele tem um orçamento para este ano de R$ 2,5 bilhões. A equipe econômica avalia que ele é “ineficiente” por contemplar todas as pessoas, independentemente da renda. Por isso, pretende acabar com a iniciativa e usar o recurso no Renda Brasil, com o qual pretendem substituir o Bolsa Família.

O artigo foi elaborado por pesquisadores do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) e da Universidade Federal da Paraíba. Eles usaram dados de 5.566 cidades entre 2003 e 2016. Nesse período, observaram que, após 10 anos de exposição ao programa por meio da rede conveniada de farmácias, os municípios reduziram, em média, 100,3 internações por 100 mil habitantes e 13,3 óbitos por 100 mil habitantes em decorrência das duas doenças.

O aumento de uma unidade aberta ou conveniada por 100 mil habitantes, relatam, foi capaz de reduzir as internações em 1,6% em média.

E não foram só as cidades com estabelecimentos que foram beneficiadas. Os pesquisadores notaram que os municípios vizinhos a elas também tinham progresso em seus indicadores, revelando o que chamaram de “transbordamento espacial” da cobertura do programa.

Os pesquisadores concluem o estudo artigo dizendo que o Farmácia Popular deve ser mantido e até ampliado, pois traz reais benefícios de saúde e de gestão.

É também a avaliação de Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde. “O não acesso a esses medicamentos provoca uma procura maior aos hospitais, com pacientes em estado de saúde pior e, com isso, traz um aumento nos custos para o Sistema Único de Saúde”, afirmou.

Tudo isso indica que extinguir o programa, como quer a equipe econômica, seria um tiro no pé.

Raio-X do Farmácia Popular

Brasileiros atendidos: 21,3 milhões (2019)

Farmácias conveniadas: cerca de 31 mil

Municípios com unidades: 3.492

Orçamento para 2020: R$ 2,5 bilhões

No que consiste: oferece medicamentos gratuitos: para tratamento continuado de hipertensão, diabetes e asma e outros com descontos de até 90%, incluindo anticoncepcionais, remédios para tratar Parkinson e até fraldas geriátricas