Equipes do GSI aproveitam viagens de Bolsonaro para fazer turismo

O grupo é responsável pela segurança nos locais que serão visitados pelo presidente; segundo reportagem da Piauí, seus integrantes chegam cinco dias antes de Bolsonaro: “viagem de férias”

Sargento Marcelle Marques e outros integrantes do GSI em passeio em Foz do Iguaçu: viagem oficial – Foto: Reprodução/Redes Sociais
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Integrantes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), comandado pelo general Augusto Heleno, aproveitam as viagens oficiais de Jair Bolsonaro para curtir passeios em lugares paradisíacos. A denúncia foi feita em reportagem de Luigi Mazza, na revista Piauí.

O grupo forma a “equipe precursora”, ou seja, prepara o esquema de segurança nos locais que serão visitados pelo presidente. É chamado de Escalão Avançado (Escav).

Além disso, fica responsável, também, pela infraestrutura e cerimonial. Em geral, são entre 40 e 60 pessoas de diversos órgãos. Porém, a maioria é do GSI.

O exemplo destacado na reportagem mostra o caso da segundo-sargento do Exército, Marcelle Silverio Marques, que aproveitou a viagem que Bolsonaro fez a Sergipe e comemorou seu aniversário de 33 anos, em 25 de janeiro de 2021, na Praia do Mosqueiro, em Aracaju.

De biquíni, boné e óculos escuros, posou para fotos no Duna Beach Club, um conhecido restaurante na orla local, e passou a tarde se divertindo. Tirou selfies com os amigos, todos sem máscara, e a militar, depois, publicou as imagens nos Stories do Instagram. A questão é que aquela segunda-feira contou como um dia de trabalho para Marcelle Marques e seus colegas.

O chefe do Departamento de Coordenação de Eventos, Viagens e Cerimonial Militar (DCEV), coronel Eduardo Alexandre Bacelar, é quem tem a responsabilidade de definir a duração das viagens precursoras. Procurado para informar por que a média de tempo das operações no governo Bolsonaro aumentou tanto, o GSI afirmou, por meio de nota, que “o prazo de cinco dias está dentro das normas vigentes”.

“Férias”

“A viagem a Aracaju foi mais uma viagem de férias”, contou uma integrante do Escav, que esteve em Sergipe. Ela conversou com a reportagem na condição de anonimato. “O nosso trabalho pode ser feito em menos tempo. Estamos ficando ociosos e algumas pessoas tiram proveito disso”.

Outro militar que também pediu para não ser identificado disse que, entre a turma das comitivas presidenciais, a brincadeira é dizer assim: “O que acontece no Escav, fica no Escav”.

A viagem a Aracaju foi registrada nas redes sociais, pois, além da sargento Marques, outros militares postaram fotografias: dois sargentos do Exército, Leonardo Prismann Feijó e Flavio Vieira Veloso, ambos colegas de Marcelle no GSI.

Pelos cinco dias em Aracaju, a sargento Marques recebeu R$ 910 em diárias, verba extrassalarial, que serve para compensar o funcionário pelo "esforço" da viagem e por bancar despesas de alimentação.

Dinheiro público

De acordo com o Portal da Transparência, o salário bruto da sargento era de R$ 7,4 mil no mês de setembro de 2020. As outras despesas de viagem, o que inclui como transporte e hospedagem, são pagas com dinheiro público.

Depois da publicação da reportagem, o GSI enviou uma nota à Piauí dizendo: “Face aos novos dados e imagens será instaurado Procedimento Administrativo para apurar os fatos narrados”.