Comunidade congolesa quer demissão de Sérgio Camargo após xingamentos a Moïse

Líder do grupo de africanos disse que presidente da Fundação Camargo, a quem chamou de parasita, “precisa aprender a ser gente”

Foto: Luiz Gustavo Queiroga/Reprodução/Twitter
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Os xingamentos e insultos desumanos dirigidos por Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares, ao refugiado Moïse Mugenyi Kabagambe, assassinado a pauladas no Rio, seguem tendo desdobramentos. O presidente do grupo Comunidade Congolesa no Brasil, Fernando Mupapa, ficou inconformado ao saber que o bolsonarista raivoso chamou seu compatriota de “vagabundo”.

“Ele (Camargo) é um parasita que se diz negro. Não é um ser humano. Se fosse, deveria ter um pingo de respeito e dignidade para falar assim sobre uma pessoa que foi brutalmente assassinada. Tem que expulsar esse parasita do cargo que está ocupando. Em nome da Comunidade Congolesa no Brasil, repudio essa pessoa e peço a destituição dele desse cargo.  Ele é um parasita no meio dos negros, é uma vergonha. É como se fosse o negro que o colonizador usava para maltratar outros negros e, por isso, se achava melhor que os outros”, disparou Mupapa, que afirmou ainda que Sérgio Camargo “precisa aprender a ser gente”.

Yannick Iluanga Kamanda, um primo de Moïse, contou que ficou chocado, assim como toda a família da vítima, que ainda sofre com a perda do ente e pela forma brutal como o assassinato ocorreu, com as palavras do homem que deveria zelar pelo legado da cultura negra no Brasil.

“Ele disse que o Moïse era vagabundo. Ele conhecia o Moïse? Só vagabundo conhece vagabundo. E ele é o maior vagabundo de todos. Não merece estar onde está. Ele não está representando ninguém. Essas falas não mexeram apenas com a nossa família, mas com todo o movimento negro, com a comunidade do Congo no Brasil e com todos os africanos e imigrantes refugiados que vivem aqui”, desabafou Yannick.

Advogada da família processará

O advogado Rodrigo Mondego, procurador da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB-RJ), anunciou nesta sexta-feira (11) “medidas legais” contra Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares, por uma declaração em que culpa o congolês Moïse Kabagambe por seu próprio assassinato.

Através das redes sociais, Camargo, que preside uma fundação que deveria zelar o legado da cultura negra no país, chamou Moïse de “vagabundo” e disse que e que sua vida “indigna” foi determinante para o assassinato.

Mondego, que acompanha o caso desde o início, revelou que a família do congolês ficou “estarrecida” com a declaração “criminosa” de Camargo, e anunciou que o presidente da Fundação Palmares vai ter que responder pelo ato.

“Esse VAGABUNDO vai responder por essa mentira absurda que está falando. A família do Moïse está estarrecida com essa fala criminosa desse sujeito. Já estamos estudando as medidas cabíveis”, escreveu o advogado.