Comprimidos de cloroquina enviados por Trump encalham no Exército brasileiro

Mesmo com as tentativas de Bolsonaro de promover o medicamento, dos 3 milhões de comprimidos, menos de 1 milhão foi utilizado contra a Covid-19

Cloroquina (Agência Brasil/Arquivo)
Escrito en BRASIL el

Dos 3 milhões de comprimidos de hidroxicloroquina doados ao governo de Jair Bolsonaro (PL) por Donald Trump, menos de 1 milhão foi utilizado contra a Covid-19. Mesmo com as tentativas do presidente de promover o medicamento, milhares de unidades seguem encalhadas no Exército.

Segundo reportagem da "Folha de S. Paulo" deste domingo (6), 745 mil doses estão paradas nas Forças Armadas. Do total, 255 mil foram distribuídas a hospitais militares.

O Ministério da Saúde recebeu 2 milhões de doses de Trump e mandou cerca de 600 mil comprimidos para municípios. 1,4 milhão de unidades foram destinadas ao combate a doenças previstas na bula.

Ministério da Saúde defende cloroquina

No fim de janeiro, uma nota técnica foi emitida pelo Ministério da Saúde afirmando que o uso de hidroxicloroquina para o combate à Codiv-19 é eficiente e apresenta segurança, enquanto as vacinas que previnem formas graves da doença não teriam a eficácia desejada e seriam inseguras para quem faz uso delas.

O documento é assinado por Helio Angotti, secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, uma figura defensora do negacionismo anticiência das hostes bolsonaristas no alto escalão do governo federal.

A intenção dos autores do texto técnico foi a de refutar as orientações emitidas por especialistas do Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS), que declararam a ineficácia dos medicamentos que compõem o chamado kit-Covid, um coquetel de drogas sem ação científica comprovada contra o Sars-COV-2 e que pode provocar efeitos colaterais graves.

A tabela que acompanha a nota técnica diz que a hidroxicloroquina é “barata” e não tem “estudos predominantemente financiados pela indústria”, enquanto a vacina “tem seus estudos bancados” pelas farmacêuticas.