SUSPEITA

Randolfe recorre ao STF para impedir troca em diretoria da PF que investiga Bolsonaro

“A interferência na atuação do órgão investigativo é evidente e flagrante”, afirmou o senador, em petição entregue ao ministro Alexandre de Moraes

O senador Randolfe exige manifestação do Supremo.Créditos: Pedro França/Agência Senado
Escrito en BRASIL el

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição, acionou, nesta quinta-feira (3), o Supremo Tribunal Federal (STF), por meio do ministro Alexandre de Moraes, com o objetivo de impedir a mais recente mudança na Polícia Federal (PF).

Márcio Nunes de Oliveira, novo diretor-geral da Polícia Federal (PF), nomeado por Jair Bolsonaro (PL), mudará o comando da Diretoria de Combate ao Crime Organizado e à Corrupção (Dircor), justamente o órgão responsável por investigar políticos, incluindo o próprio presidente.

Randolfe justifica sua iniciativa alegando que a troca de comando é uma interferência “evidente e flagrante” de Bolsonaro na instituição.

Uma das apurações que afetam Bolsonaro é em relação à possível ingerência no comando da PF, com o objetivo de proteger familiares e integrantes do seu grupo político.

O delegado Luís Flávio Zampronha é o atual chefe da Dircor. Ele está no cargo desde abril de 2021, quando Paulo Maiurino assumiu a vaga de diretor-geral. Um dos favoritos para assumir o lugar de Zampronha é o delegado Caio Rodrigo Pellim, atualmente na Superintendência Regional do Ceará.

Outra mudança anunciada no primeiro escalão da PF é a troca da Inteligência Policial (DIP), hoje comandada pelo delegado Rodrigo Carneiro Gomes. O setor é estratégico por ser responsável pelas investigações a ataques de hackers a diversas instituições, entre elas o STF.

Randolfe diz que troca de comando não é coincidência

“Não é mera coincidência que a troca repentina e inesperada no comando da Polícia Federal tenha se dado justamente após o órgão ter informado ao Supremo Tribunal Federal, no início de fevereiro deste ano, que concluiu que o Presidente da República, Sr. Jair Messias Bolsonaro, cometeu crime ao divulgar informações sigilosas de uma investigação”, diz um dos trechos do documento encaminhado ao STF.

“É de se concluir que a interferência na atuação do órgão investigativo é evidente e flagrante. Com a troca da alta cúpula da corporação, almeja-se obstruir as investigações em curso que envolvem o Presidente da República e seus familiares e passar um recado a todos os delegados, agentes e servidores da Polícia Federal: não se pode ir contra os interesses pessoais e familiares do Chefe do Executivo Federal”, afirma Randolfe.