REPUGNANTE

Eduardo Bolsonaro coloca em dúvida tortura sofrida por Miriam Leitão e posa de vítima

Para justificar a "piada" sobre a tortura sofrida pela jornalista, deputado federal saiu em defesa da ditadura militar; "militares não puderam devolver o poder aos civis através das eleições"

Eduardo Bolsonaro, que debocha de tortura e defende ditadura.Créditos: Michel Jesus/Câmara dos Deputados
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Não satisfeito em debochar da tortura sofrida por Miriam Leitão na ditadura militar, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foi às redes sociais, nesta segunda-feira (4), para posar de vítima e ainda colocar em dúvida a violência brutal praticada pelo aparelho repressor contra a jornalista. 

"Me odeiam, desejam a morte de minha família e agora pedem respeito e querem minha cassação por eu ter feito uma piada", escreveu Bananinha, como é conhecido, na postagem em que divulga um vídeo com novos impropérios e defesa da ditadura

"Estão preocupados em colocar em mim a pecha de torturador, quando é justamente o contrário", disse o filho de Jair Bolsonaro, um dia após debochar de tortura. Ao criticar um artigo de Miriam Leitão, Eduardo havia postado: "Ainda com pena da cobra". 

"Sobre a questão da cobra, tem apenas a palavra da Miriam Leitão dizendo que isso ocorreu", disparou, duvidando da situação sádica e violeta a que a jornalista foi submetida

A violência brutal sofrida por Miriam Leitão está documentada em relatórios da Comissão Nacional da Verdade e é de conhecimento público. Grávida, a jornalista foi colocada nua em um quarto escuro junto com uma cobra jiboia em um quartel do Exército de Vila Velha (ES). 

Para "justificar" o deboche repugnante, Eduardo Bolsonaro citou episódios envolvendo a luta armada nos anos de chumbo e saiu em defesa da ditadura militar, mentindo sobre o período. "Os militares não puderam, diante de um cenário de instabilidade, devolver o poder aos civis através de eleições", disse o admirador de regime autoritário. 

Reações 

O vídeo de Eduardo Bolsonaro veio como uma tentativa de contornar a intensa reação negativa à sua "piada". Inúmeros jornalistas, artistas e políticos prestaram solidariedade a Miriam Leitão, entre eles o ex-presidente Lula (PT)

Na Câmara dos Deputados, já foram protocoladas ao menos 3 representações (do PSOL, PT e PCdoB) no Conselho de Ética da Casa para que o parlamentar seja investigado por quebra de decoro parlamentar, pedindo sua cassação.