INVESTIGAÇÃO

Incra cobra R$ 147 milhões da família Dallagnol por supostas irregularidades

A família do ex-coordenador da Lava Jato fez contratos de comodato com posseiros e depois entrou na Justiça para obrigar o Incra a desapropriar em MT

Família de Deltan Dallagnol está sendo investigada.Créditos: MPF/Divulgação
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O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) está cobrando uma dívida de R$ 147 milhões que se refere à desapropriação de uma fazenda improdutiva. O terreno tem cerca de 2 mil hectares, fica em Nova Bandeirantes (MT) e pertence ao procurador aposentado do Ministério Público do Paraná, Agenor Dallagnol.

Ele é pai de Deltan Dallagnol, ex-coordenador da Operação Lava Jato e potencial candidato ao Senado pelo Podemos. De acordo com reportagem de Leonardo Furhmann, no site De Olho nos Ruralistas, outros integrantes da família Dallagnol, como irmãos e sobrinhos, também aparecem no processo.

Ainda conforme a reportagem, a família Dallagnol figura entre os proprietários da Gleba Japuranã, com mais de 36 mil hectares divididos em 19 fazendas no Mato Grosso.

A solução para dar lucratividade àquelas terras é assinada pelo irmão de Agenor, Xavier Dallagnol, advogado radicado no estado e responsável pelas questões jurídicas da família.

Ele assinou contratos de comodato com a direção de um movimento chamado A Terra é Nossa, em 1998, para assentar 700 famílias na gleba. Depois, o clã Dallagnol ingressou na Justiça para solicitar a desapropriação da área e a indenização.  

Incra aponta valores inflamados pagos a contratos

O Incra, em sua defesa, apontou valores inflados que foram pagos a cada um dos contratos, excluindo do cálculo fatores de redução como devastação ambiental e ancianidade (tempo longo de existência).

A reportagem diz, ainda, que o próprio Agenor já recebeu mais de R$ 8 milhões, valor que o Incra tenta recuperar em processo que atualmente está em tramitação na Justiça Federal.