ROUBO HISTÓRICO

Três suspeitos por roubo de 21 metralhadoras do Arsenal de Guerra de SP são identificados

Principal suspeita das Forças Armadas é de que as armas tenham sido roubadas no último 7 de setembro; 480 militares chegaram a ficar retidos no quartel

Arsenal do Exército.Créditos: Reprodução/Exército brasileiro
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O Exército anunciou que identificou 3 militares suspeitos de participação no roubo de 21 metralhadoras do Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP), localizado em Barueri, na região metropolitana da capital paulista. A revelação foi feita nesta quinta-feira (19) à Folha de São Paulo.

Após a identificação dos suspeitos, o Exército agora apura se eles teriam sido cooptados por facções criminosas e se o furto ocorreu, conforme apontam as suspeitas, no último dia 7 de setembro. A Força, no entanto, não revelou os nomes dos suspeitos, apenas que teriam sido plantonistas naquele feriado. Eles foram notificados e poderão apresentar defesa para responder a inquérito policial militar.

Em nota, o Comando Militar do Sudeste informou que as investigações transcorrem em sigilo e que, quando forem confirmadas as participações dos suspeitos, suas identidades serão reveladas. Também anunciou que irá punir eventuais oficiais de fiscalização que tenham prevaricado.

O furto foi confirmado pelo Exército na última sexta-feira (13). Durante inspeção realizada na terça (10) foi constatado o sumiço de 13 metralhadoras calibre .50 e 8 de calibre 7.62. As .50 são famosas por terem a capacidade de derrubar aeronaves. Seu alcance e poder de fogo são de conhecimento público.

A principal preocupação é que sejam utilizadas por criminosos que praticam a modalidade do Novo Cangaço, em que grupos fortemente armados tomam o controle de cidades pequenas do interior do país, limpam as agências bancárias e desaparecem em seguida. As .50 também podem ser usadas em assaltos a carros-forte.

No último sábado 480 militares lotados no AGSP foram aquartelados, ou seja, ficaram retidos no quartel. Impossibilitados de saírem e de utilizarem celulares e redes sociais. A medida foi tomada pelo Exército a fim de fazer uma devassa em toda a tropa em busca de suspeitos.

Mas as investigações avançaram para valer após a Polícia Civil do Rio de Janeiro enviar um vídeo para o Exército que mostrava 4 armas de guerra sendo oferecidas a integrantes do Comando Vermelho. Eram modelos semelhantes às furtadas. Gravado logo após o 7 de setembro, o vídeo levantou a suspeita sobre a data e a motivação do furto no AGSP.

Maior roubo de armas do Exército

Este foi o maior furto de armas do Exército desde que tal modalidade de crime começou a ser contabilizada, em 2009, pelo Instituto Sou da Paz.

Naquela ocasião, em 8 de março de 2009, sete fuzis foram roubados do 6º Batalhão de Infantaria Leve de Caçapava, no interior de São Paulo. Criminosos haviam invadido o local e roubado as armas. Após investigação, a Polícia Civil recuperou os armamentos e prendeu os suspeitos. Um deles era militar.

Em 2010 foram 18 armas roubadas e 5 recuperadas. Em 2011, 6 armas foram roubadas e 3 recuperadas. Até 2020 (excluindo o ano de 2014 quando o levantamento não foi realizado), foram 67 armas roubadas e 16 recuperadas.

"O último grande desvio do Exército havia sido o de 7 fuzis 7.62 desviados de um batalhão de Caçapava em 2009, também em São Paulo. Felizmente daquela vez, todas as armas foram recuperadas. O desvio de agora é muito mais grave, não só pela quantidade de armas levadas de uma vez, mas pela potência. Essas armas são automáticas e servem para perfurar blindagens e seu desvio mostra uma precariedade do controle de arsenais", disse Bruno Langeani, gerente da área de sistema de Justiça e Segurança do Sou da Paz, ao G1.