ESQUISITO

VÍDEO: Cativeiro de Marcelinho Carioca tinha pacote de camisinha aberto e remédios em seu nome

Ex-jogador do Corinthians foi sequestrado em São Paulo e polícia apura diferentes hipóteses para a motivação do crime

Camisinhas e remédio no nome de Marcelinho Carioca foram encontrados no cativeiro em que ex-jogador ficou preso.Créditos: Reprodução
Escrito en BRASIL el

A história que envolve o sequestro do ex-jogador Marcelinho Carioca fica cada vez mais estranha. Após a libertação do ídolo do Corinthians de um cativeiro na cidade de Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo, na tarde desta segunda-feira (18), a imprensa teve acesso ao local. 

No espaço em que Marcelinho ficou preso por horas pelos sequestradores, uma repórter do programa "Cidade Alerta", da Record TV, encontrou um pacote de preservativo aberto e dois frascos de medicamentos de manipulação em nome do ex-atleta

"Tinha a carteira dele, alguns celulares foram apreendidos. A polícia acabou de sair com um saco com materiais apreendidos", disse a repórter. 

A reportagem ainda mostrou restos de bebidas e comidas, documentos e fotos que estavam espalhados pelo cativeiro. 

Veja vídeo: 

A versão de Marcelinho Carioca 

O ex-jogador Marcelinho Carioca, que foi levado por sequestradores após assistir a um show de pagode na Neo Química Arena, estádio do Corinthians, que fica em Itaquera, na Zona Leste de São Paulo, no início da noite de sábado (16), e libertado na tarde desta segunda (18), deu entrevista ao jornalista José Luiz Datena, da Band, ainda nesta tarde e contou, por telefone, a sua versão para o crime.

Momentos antes de ser solto, os sequestradores gravaram um vídeo em que ele e uma mulher identificada como Thaís, que seria casada, falam que os dois tinham um caso e que o crime do qual eram vítimas teria sido elaborado e realizado pelo marido dela, que teria descoberto tudo. A história, muito confusa, passou a ser questionada nas redes e na imprensa, uma vez que os autores divulgaram as imagens que supostamente incriminariam eles mesmos. Segundo o ídolo do Timão, não foi nada disso o que aconteceu.

“Ô, Datena... Você sabe o quanto que eu te respeito, Datena, e assim, eu sou jornalista, sabe, e assim... Antes das pessoas divulgarem as coisas, elas têm que saber da veracidade dos fatos... Eu tô com o doutor Nico aqui, equipe toda da DAS (Divisão Anti-Sequestro), o trabalho brilhante da Polícia Militar, e aí é o seguinte, ó... A Thaís é minha amiga, eu fui secretário de Esporte por quase três anos, não saí com ela, não tenho nada com ela, ela é minha amiga! Ela é minha amiga, entendeu? Respeito ela, respeito o ex-marido dela, o Márcio, os dois filhos dela, a família dela, uma mulher batalhadora, uma mulher guerreira, e é minha amiga, assim como todas as pessoas da Secretaria (Esporte) são minhas amigas”

Na sequência, Marcelinho ainda confirmou que se tratou de um crime patrimonial, para pegar dinheiro dele, embora tenha desconversado no momento em que foi questionado pelo apresentador sobre valores. Ele ainda confirmou que o vídeo em que admite o caso com a mulher foi gravado com os dois sob coação.

“Datena, tirar dinheiro foi o que fizeram lá... E outra coisa, me forçaram a fazer aquele vídeo, tanto eu quanto ela... Você com um revólver na cabeça... ‘você vai falar isso, isso e isso’... O que você faz?”, falou.

Marcelinho Carioca ainda relatou a Datena que tudo teria ocorrido no momento em que ele parou o carro na porta da casa de Thaís, em Itaquaquecetuba, para entregar a ela os convites para o show de Thiaguinho que ocorria no domingo (17), no qual ele não poderia ir. Ele teria entrado brevemente na casa de Thaís, que trabalhou com ele alguns anos na prefeitura daquele município, onde o ex-jogador foi secretário de Esportes, e ao sair já foi abordado por um trio.

“Eu passei depois do show do Thiaguinho, pra poder entregar os ingressos de domingo, que eu não iria participar, e aí eu tava lá no bairro, próximo da casa, entrei por questão de cinco minutos e eu não vi nada, eu vi três pessoas andando e quando voltaram já vieram com a arma pra cima de mim, me empurrara, deram uma coronhada no meu rosto, na minha cabeça... Mas em nenhum momento fizeram maldade, nem comigo, nem com ela... Então tá tudo em ordem, tá”, contou o ex-craque.

Polícia trabalha com diferentes hipóteses

A história do sequestro do ex-jogador Marcelinho Carioca, que foi libertado na tarde desta segunda-feira (18), parece cada vez mais confusa e a Polícia Civil de São Paulo investiga duas hipóteses para o crime. O ídolo do Timão foi levado após assistir a um show de pagode na Neo Química Arena, estádio do Corinthians, que fica em Itaquera, na Zona Leste de São Paulo, no início da noite de sábado (16). Seu carro foi encontrado abandonado e destravado no dia seguinte, numa rua do município de Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo.

Nesta segunda (18), os sequestradores divulgaram um vídeo em que Marcelinho aparece com o olho roxo, junto com uma mulher casada, dizendo que tinha um relacionamento com ela, e que como o marida da moça teria descoberto, os dois teriam sido então sequestrados por ele, ou a mando dele. A mulher também fala no registro feito pelos bandidos e confirma a história da traição.

1ª hipótese analisada pela Polícia Civil de SP

De fato, a Divisão Anti-Sequestro (DAS) da Polícia Civil de São Paulo vê essa versão, do adultério, como uma hipótese plausível, embora enxergue vários pontos que claramente “não batem”. O marido da mulher, identificado pelo apelido de Márcio do Beco, é um comerciante muito conhecido em Itaquaquecetuba. A esposa dele teria trabalhado muito tempo com Marcelinho Carioca na prefeitura daquele município, já que o ex-craque foi secretário de Esportes lá. Marcelinho e Márcio do Beco, inclusive, se conheciam bem. O fato de o vídeo ter sido gravado com uma “confissão” que aparenta ser fruto de uma coação e divulgado nas redes depois que o caso ganhou repercussão nacional também é algo que não faz sentido para os investigadores, uma vez que o suposto autor do crime nessa versão (Márcio do Beco) estaria se incriminando e liberando as duas vítimas, o ex-jogador e a própria esposa, para denunciá-lo às autoridades.

Márcio do Beco também já havia postado imagens da esposa nas redes sociais afirmando que ela estava desaparecida e disse em entrevista para o apresentador Luiz Bacci, da Record TV, que não tem qualquer relação com o crime cometido contra ela e o “pé de anjo”. Ele teria, inclusive, se apresentado voluntariamente numa delegacia para prestar depoimento e reiterar que não faz ideia de como e por que o tal sequestro teria ocorrido, assim como desconhece por qual razão sua mulher foi parar no cativeiro junto com Marcelinho.

A proximidade da mulher e do marido, Márcio do Beco, com Marcelinho, assim como o vínculo de trabalho entre o ex-jogador e esposa do comerciante na prefeitura de Itaquaquecetuba, foi confirmada por uma prima dela, que gravou um vídeo para explicar tudo. Pelos elementos apresentados até agora, todos se conheciam muito bem e não haveria muito sentido para Marcelinho dizer no vídeo que “se envolveu com uma mulher casada, mas sem saber disso”.

2ª hipótese analisada pela Polícia Civil de SP

Os investigadores analisam também uma segunda possibilidade para o crime que passa por um sequestro real. Embora não fique claro por que a mulher de Márcio do Beco estaria com Marcelinho no momento de uma abordagem realizada por criminosos, ainda que pudesse estar pegando uma carona, ou algo do tipo, a polícia acredita ser muito plausível que os bandidos tenham levado os dois para passar a pedir um resgate para o boleiro. Com a repercussão do ocorrido e ao descobrirem que a mulher era casada, já que os sequestradores poderiam ter perguntado quem era ela, os autores do rapto teriam então obrigado os dois a contarem a estranha história da traição, responsabilizando o comerciante marido dela, para despistar as autoridades, já que na sequência liberaram Marcelinho e ela sãos e salvos.

O que causa mais estranheza em que investiga o caso é o vídeo em que as duas vítimas nitidamente parecem coagidas a falar e a “entregar” justamente o autor do crime. Não faz sentido, dizem os investigadores, um autor de sequestro mandar suas vítimas acusá-lo e depois tornar essa informação pública.