Após fala de fundadora sobre contratações de negros, Nubank faz mea culpa em artigo

"A diversidade étnico-racial ainda é um desafio para nós. Reconhecemos isso", afirma o banco

Reprodução/Nubank
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O Nubank publicou um artigo na noite desta terça-feira (20) em tom de "mea culpa" sobre a falta de diversidade racial entre funcionários da empresa. Posicionamento ocorre após a cofundadora da empresa, Cristina Junqueira, afirmar em entrevista ao Roda Viva que é "difícil" contratar negros e que o banco não pode "nivelar por baixo".

Na entrevista, Junqueira foi questionada pela jornalista Angelica Mari, da Forbes Brasil, se o “alto grau de exigência” das vagas não pode ser uma barreira para minorias. A executiva então respondeu: “Não dá para também nivelarmos por baixo. Por isso que queremos fazer investimento em formação. Criamos um programa gratuito, que chama Diversidados, que vamos ensinar ciência de dados para pessoas que querem entrar nisso, e nós vamos capacitar essas pessoas".

“Não adianta colocarmos alguém para dentro que depois não vai ter condição de trabalhar com as equipes que temos, de se desenvolver, de avançar na sua carreira, depois não vai ser bem avaliado. Daí não estamos resolvendo um problema, estamos criando outro, né?”, completa Junqueira.

No artigo, o banco diz que tem compromisso com um "ambiente diverso, inclusivo e de respeito" e cita como conquistas o fato de que 43% dos funcionários da empresa são mulheres e que mais de 30% se identificam como LGBTQIA+. "No entanto, sabemos que isso não é o bastante", reconhece. "Em especial, quando se trata de diversidade racial, o Nubank sabe que tem um longo caminho ainda", completa.

Em seguida, o texto cita algumas ações de diversidade racial da empresa, como o NuBlacks, "grupo de afinidade de pessoas negras para compartilhamento de experiências, acolhimento e promoção da diversidade e cultura afro". Cita ainda o recente Diversidados, curso de Ciência de Dados gratuito para "inclusão de grupos sub-representados no setor de tecnologia".

Nas redes sociais, a empresa foi amplamente criticada por internautas sobre a fala da cofundadora. "O difícil de verdade é viver sempre em baixo, não ter oportunidades, estar sempre em desvantagem. O difícil é ser periférico e sair de casa todo dia 4 da horas da manhã pra lavar banheiro de madame... Não, nivelar por baixo não é difícil, viver num mundo desigual sim", escreveu um internauta.

Em resposta, o perfil do Nubank no Twitter novamente reconheceu a falta de diversidade da empresa. "No Nubank, acreditamos que temos o dever de construir uma sociedade mais justa e igualitária. A diversidade étnico-racial ainda é um desafio para nós. Reconhecemos isso", afirma.

https://twitter.com/nubank/status/1318742707108536321

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