Bolsonaro ameaça pedir reparação por editorial da Globo sobre as 100 mil mortes

Em sua live semanal, presidente disse que não pode aceitar acusação de “genocida” e levanta hipótese de se filiar a um partido já existente

Foto: Alan Santos/PR
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O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira (13), durante sua live semanal, que vai tentar a “reparação, responsabilização e esclarecimento” para o Jornal Nacional, da Rede Globo, que no sábado (8) fez um editorial questionando a responsabilidade sobre as mais de 100 mil mortes pelo novo coronavírus no país.

Bolsonaro disse que a Globo o acusou de ser o responsável pelas vidas perdidas e afirmou que o governo federal tomou medidas desde o início do ano para se preparar para enfrentar a doença. No editorial, a emissora disse que "todo cidadão brasileiro tem direito à saúde. E todos os governantes brasileiros têm a obrigação de proporcionar para os cidadãos esse direito", mencionando o artigo 196 da Constituição. E seguiu: "E a pergunta que se impõe é: o presidente da República cumpriu esse dever? Entre governadores e prefeitos, quem cumpriu? Quem não cumpriu?".

O presidente disse que não pode deixar de se defender de uma acusação de "genocida" e que a Globo tratou como se ele tivesse feito "pouco caso" com as vidas perdidas. Ao longo dos últimos meses, quando chamado para falar sobre as mortes, Bolsonaro disse frases como “E daí?”, “Não sou coveiro”, “Vamos tocar a vida”.

Ele mesmo destacou, na transmissão, que sempre defendeu o que chamava de isolamento vertical – somente de pessoas idosas e com problemas de saúde – e repetiu que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que quem deveria tomar esse tipo de decisão seriam governadores e prefeitos. E voltou a defender a cloroquina, dizendo que algumas mortes poderiam ter sido evitadas com seu uso, mostrando uma caixa do medicamento. "Deu certo comigo, com dez ministros, com mais de cem funcionários aqui do Planalto".

Partido

Na transmissão, Bolsonaro também mencionou a possibilidade de se filiar a um partido já existente ou até voltar para o PSL  - podendo desistir da formação do Aliança pelo Brasil.

"É difícil formar um partido, a pandemia atrasou, eu não posso investir 100% no Aliança", afirmou. Bolsonaro disse que conversou com presidentes de três partidos que o convidaram para se  filiar e que um deles foi Roberto Jefferson, do PTB.

Além disso, o presidente disse que recebeu sinalização de alguns integrantes do PSL, sua ex-sigla, para se reconciliar, e que colocaria suas condições para que isso aconteça.