“Depois que tirou Lula, a coisa ficou pior”, diz desempregada na fila de ossos de boi

Em Cuiabá (MT), dezenas de pessoas se juntam em frente a um açougue, que doa resto do processo de desossa do boi, o que, frequentemente, vira o prato principal de famílias em situação de total vulnerabilidade financeira e insegurança alimentar

Foto: Agência Brasil/Arquivo
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O modelo econômico perverso implantado pelo governo de Jair Bolsonaro está, cada vez mais, jogando boa parte da população de volta para a quase miséria absoluta.

Em Cuiabá (MT), por exemplo, dezenas de pessoas acordam ainda de madrugada para se juntarem a uma fila, em frente a um açougue no bairro CPA2, na periferia da cidade. O objetivo é tentar conseguir pedaços de ossos doados pelo estabelecimento, de acordo com reportagem de Bruna Barbosa Pereira, no UOL.

O material é resto do processo de desossa do boi. Nesses pedaços, resistem resquícios de carne, que, frequentemente, viram o prato principal de famílias em situação de total vulnerabilidade financeira e insegurança alimentar.

A reportagem colheu depoimentos tristes e emocionantes de moradores de Cuiabá, que são obrigados a recorrer a essa forma de “alimentação”.

“Tenho muito medo de piorar mais. Não gosto nem de pensar nisso. Deus não vai deixar acontecer. Antes as coisas eram melhores, depois que tirou Lula, a coisa ficou pior. [Antes] conseguíamos comprar comida, tinha emprego”. (Ana Maria de Jesus Araújo, desempregada).

“Acordo às 5h30 e começo a andar. Conseguimos os ossinhos aqui e algumas verduras que iriam para o lixo em outros mercados. Muitas vezes, ainda somos xingadas [por donos de lugares onde pedimos doações]. Mas fazer o quê? Preciso levar comida para casa". (Mara Siqueira, desempregada).

“Misturamos com tudo, mandioca, abóbora, [comemos] puro. Só não comemos cru mesmo". (Elen Cristina de Souza, desempregada).

“Essa fila ainda vai crescer mais ainda. Antes, nós conseguíamos comprar carne. Fico triste, porque não gosto de ver meus filhos tristes. Saio para conseguir doações para termos o que comer, quero ver meus filhos saudáveis”. (Luciano André Barros Alves, desempregado).