Após fake news, PF diz não ter indícios de que MST tenha depredado casas no PE

Vídeo que associou indevidamente o movimento foi compartilhado por Bolsonaro nas redes sociais. MST negou participação e disse que sequer tem áreas ocupadas no município

Foto: Reprodução/Facebook
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A fake news bolsonarista de que o MST depredou um conjunto habitacional do Programa Minha Casa Minha Vida em Santa Cruz do Capibaribe, no agreste de Pernambuco, foi desmentida pela Polícia Federal (PF).

Após o próprio movimento afirmar que não teve relação com o caso, a corporação também disse não ter indícios de que o MST tenha destruídos as casas. A informação foi confirmada pelo site Poder360.

Segundo o portal, a Superintendência da Polícia afirmou que há um inquérito em andamento na Delegacia de Caruaru, cidade a 50 quilômetros de Santa Cruz do Capibaribe, mas que não foi identificada a participação de partidos políticos e/ou movimentos sociais.

"A Polícia não informou a autoria, portanto, não há como saber se as pessoas que ocupavam o local, ou quais delas, foram responsáveis pelos prejuízos nas moradias", escreveu o site. 

A notícia se espalhou depois que Abimael dos Santos Pereira, candidato a vereador em Toritama em 2020 pelo PP (Partido Progressistas) e integrante do grupo bolsonarista Liberta Pernambuco, publicou um vídeo associando indevidamente o MST à depredação.

O conteúdo foi compartilhado pelo presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) e chegou aos assuntos mais comentados do Twitter.

MST nega envolvimento com o caso

Diretor nacional do MST em Pernambuco, Jaime Amorim afirmou que o movimento sequer tem áreas ocupadas no município onde foi gravado o vídeo e negou qualquer envolvimento com o caso.

"Se trata de uma ‘fake news’ entre muitas outras que são criadas para criminalizar o MST”, disse. A própria Polícia Civil da cidade confirmou que não foi registrado nenhum envolvimento de integrantes do movimento. A verificação foi realizada pela Agência Lupa, especializada em desmentir notícias falsas.

A construção de 500 casas populares do Residencial Cruzeiro foi feita em parceria com a prefeitura da cidade e a Caixa Econômica Federal, com previsão de entrega em dezembro deste ano, mas que deveriam ter sido entregues em 2019.

Após a verificação, foi constatado que “em agosto deste ano alguns imóveis em construção pelo programa Minha Casa Minha Vida foram ocupados por pessoas que teriam sido tiradas da lista de beneficiários do incentivo habitacional”.

Ouvido pela Lupa, o delegado da PF Guilherme Figueiredo Silva, chefe em exercício da delegacia de Caruaru (comarca responsável pelas ocorrências de Santa Cruz do Capibaribe), informou que as casas foram ocupadas por moradores da região.

A direção do MST ainda afirmou que o movimento vai processar bolsonaristas que espalharam a “fake news” e que o MST não pertence ao PT.

“PT, CUT (Central Única dos Trabalhadores) e MST surgiram no ciclo de lutas pela redemocratização que começou no final dos anos 70. Desde então, são parceiros na luta pela reforma agrária e por mudanças na sociedade brasileira para combater a desigualdade social e garantir os direitos do povo brasileiro."