Gregório Duvivier: "Miséria, desnutrição, analfabetismo, vá lá. O importante é que essa criançada não veja um pinto!"

Em artigo na Folha desta segunda-feira (2), Gregório Duvivier comenta a polêmica em torno da performance do MAM: “As pessoas que viram erotismo nessa cena que procurem tratamento psicológico”

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Em artigo na Folha desta segunda-feira (2), Gregório Duvivier comenta a polêmica em torno da performance do MAM: “As pessoas que viram erotismo nessa cena que procurem tratamento psicológico” Da Redação* Em artigo na Folha desta segunda-feira (2), Gregório Duvivier (foto) comenta a polêmica em torno da performance do artista Wagner Schwartz no MAM (Museu de Arte Moderna), onde um artista nu permite que espectadores manipulem suas articulações. Logo de saída, Duvivier sugere “às pessoas que viram erotismo nessa cena que procurem tratamento psicológico. Amigo, você sofre de alguma doença grave: ou tem tesão em crianças, ou tem tesão em pés, ou tem tesão em crianças tocando em pés. Ou é pedófilo, ou podófilo, ou pedopodófilo”. Duvivier diz que “a cena em questão é tão erótica quanto o teto da Capela Sistina (em que Adão, vale lembrar, estava pelado) ou aquela cena do ‘E.T.’ em que a criança toca no dedo do extraterrestre (em que Adão, vale lembrar, estava pelado, vestindo apenas um cachecol). Deve ter gente que vê erotismo nisso. E deve ter gente que vê, inclusive, na extremidade vermelha do dedo do E.T. um símbolo fálico. Mas o problema é delas, e não do E.T.. O tesão é de quem vê. O mesmo vale para quem se escandaliza com o seio de uma mãe que amamenta. Isso é coisa de gente muito tarada. Por acaso, o Brasil tá cheio delas”. Indignado, o humorista lembra diversos casos recentes: “Viva o país em que o topless é proibido, mas a ejaculação no ônibus é tolerada. Um país em que uma exposição dita profana é cancelada, mas o mandato do Aécio segue firme e forte. O país em que o professor não pode ter partido, mas pode ter igreja, e fazer propaganda da igreja, mesmo na escola pública. Sabe o que é um crime contra a infância? Ensinar criacionismo nas escolas. Crime contra a infância é a música gospel da Aline Barros que ensina as crianças a pagarem o dízimo: ‘Jesus se agrada, Jesus se agrada / da ofertinha da criançada / Tirilim, tim, tim / oferta vai caindo dentro da caixinha’. Ao final, fulminante, lembra a todos o essencial: “Brasileiro tem orgulho de dizer que adora crianças. Não sei de quais crianças a gente tá falando. Seis milhões de crianças no Brasil vivem em situação de extrema pobreza -muitas delas na rua. Ninguém parece tão chocado quanto com a exposição do MAM. Talvez essas crianças precisassem assistir a uma nudez indevida, talvez precisassem tocar no pé de um artista nu. Aí, sim, o Brasil ia rodar a baiana. ‘Miséria, desnutrição, analfabetismo, vá lá. O importante é que essa criançada não veja um pinto!’ *Com informações da Folha