Medo da greve? Bolsonaro promete auxílio a caminhoneiros, mas não diz como pagará

Presidente, na iminência de uma paralisação que poderia incendiar o país já combalido, assegura agora que subsidiará combustível da categoria. Ele só não explica de onde sairão os recursos

Foto: Presidência da República
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Em situação cada vez mais difícil e agora refém de uma ameaça de greve por parte dos caminhoneiros, que até pouco tempo eram aliados de primeira hora, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira (21) que pagará uma espécie de auxílio-diesel para 750 mil trabalhadores autônomos da categoria.

Só que há um problema: Com o orçamento estrangulado e às voltas com uma celeuma econômica por conta de seu desejo de furar o teto de gastos para turbinar eleitoralmente o Bolsa Família, o mandatário brasileiro não disse de onde vai tirar dinheiro para subsidiar os caminhoneiros.

"Nós vamos atender aos caminhoneiros autônomos. Em torno de 750 mil caminhoneiros receberão uma ajuda para compensar o aumento do diesel. É através deles que as mercadorias, alimentos, chegam aos quatro cantos do país", prometeu o presidente, sem falar em valores, datas, duração e origem dos recursos, como habitualmente propõe soluções simplistas ou inócuas para problemas complexos.

Foi durante um discurso no interior de Pernambuco, na inauguração do Ramal de Sertânia, que o ocupante do Planalto revelou sua ideia para acalmar os líderes do movimento dos caminhoneiros, que têm ameaçado constantemente o governo com greve. No atual cenário de devastação social, pobreza crescente, miséria aos montes e inflação galopante, uma paralisação dessa categoria poderia levar o amador, capenga e improvisado governo do presidente extremista à lona.

Jair Bolsonaro já enfrenta uma outra frente de batalha que não vem se desenrolando muito a seu favor: a tentativa de furar o teto de gastos, que sempre serviu de bússola econômica para a ortodoxia ultraliberal de sua gestão, encabeçada pelo ministro Paulo Guedes, no intuito de turbinar eleitoralmente o Bolsa Família.

Sob ataque do "mercado", de especuladores e da mídia corporativa por almejar um aumento do gasto público, cada vez que Bolsonaro ou Guedes abrem a boca para falar do assunto a bolsa despenca e o dólar dispara. Só com as palavras dos dois últimos dias, as ações da Ibovespa registravam queda de 4% às 15h40 desta quinta (21) e o dólar comercial batia a marca de R$ 5,67, uma alta de 1,78%.