"Histeria violenta": Donos de restaurante recusam nota com 'Lula livre' e ainda xingam cliente

Segundo relato da artista Ana Teixeira, donos de estabelecimento na Vila Madalena, em São Paulo, a chamaram de "bandida" e incentivaram clientes a agredi-la, quando receberam notas carimbadas; Banco Central já desmentiu informação falsa de que essas cédulas perderiam valor, elas podem e devem ser aceitas em comércios e rede bancária

Escrito en BRASIL el
A artista Ana Teixeira afirma de sido vítima “de uma histeria violenta e desnecessária”, como ela definiu, no restaurante Komy’s na Vila Madalena, em São Paulo. Quando foi pagar a conta, Ana conta que os donos do estabelecimento começaram a gritar e a xingá-la porque nas notas haviam os carimbos “Lula livre” e “Marielle presente”. “A proprietária do restaurante já havia me dado o troco quando percebeu o carimbo e imediatamente começou a gritar insana e descontroladamente: NÃO ACEITO ISSO! NÃO ACEITO ISSO! SUA BANDIDA! TENTOU ME ENGANAR ME DANDO A NOTA PELO OUTRO LADO. BANDIDA! [sic]”, descreveu Ana, em publicação no Facebook, que viralizou. A cliente relatou que foi assustador. “Ela ergueu a nota na mão e começou a incitar todo o restaurante contra mim, dizendo que eu queria roubá-los pagando com nota adulterada. (...) O proprietário endossou os gritos da mulher quando eu disse que eles teriam que aceitar a nota pois era ilegal não fazê-lo. Foi assustador! Eles não paravam de gritar e tiveram o apoio de alguns clientes que começaram a gritar também: VAI PRA CURITIBA!” Na semana passada, circulou uma fake news em grupos de whatsapp de que o Banco Central teria proibido a rede bancária de receber cédulas carimbadas. O próprio Banco Central divulgou uma nota em que desmente a informação. “Cédulas com rabiscos, símbolos ou quaisquer marcas estranhas continuam com valor e podem ser trocadas ou depositadas na rede bancária”, informou. O ocorrido no restaurante Komy’s vem causando indignação nas redes sociais, onde se planejam campanhas de boicote e de avaliação negativa em guias. A Fórum tentou contato telefônico com o estabelecimento, mas não obteve retorno. A publicação original de Ana foi feita na página do restaurante na rede social, com a repercussão negativa do comportamento dos proprietários, o canal foi excluído e a publicação sumiu. Mas a artista publicou a denúncia do ocorrido novamente em seu perfil. Confira abaixo. "Re-postando meu depoimento de ontem que foi apagado quando deletaram a página do restaurante no Facebook. Reitero que não sofri nenhuma violência física, como alguns compartilhamentos deram a entender, mas fui, sim, vítima de uma histeria violenta e desnecessária por parte dos proprietários do estabelecimento. Não vou me calar, pois atitudes violentas precisam ser denunciadas. Uma maneira de fazer isto é avaliar criticamente a página do Komy's no Tripadvisor. Agradeço a todas e todos pelo apoio.
Dia 08 de Maio, por volta das 13:45h fui expulsa a gritos e atitudes violentas do Restaurante KOMYS, NA RUA MOURATO COELHO, 884, VILA MADALENA, porque tentei pagar minha refeição com uma nota carimbada com LULA LIVRE, MARIELLE PRESENTE. A proprietária do restaurante já havia me dado o troco quando percebeu o carimbo e imediatamente começou a gritar insana e descontroladamente: NÃO ACEITO ISSO! NÃO ACEITO ISSO! SUA BANDIDA! TENTOU ME ENGANAR ME DANDO A NOTA PELO OUTRO LADO. BANDIDA! Logicamente que não tentei enganar ninguém, pois espalho estas notas com muito orgulho e sem medo. Ela ergueu a nota na mão e começou a incitar todo o restaurante contra mim, dizendo que eu queria roubá-los pagando com nota adulterada. Fiquei tão assustada que mal consegui falar. Logo eu que não costumo me assustar ou me calar nem em situações ditas perigosas.  O proprietário endossou os gritos da mulher quando eu disse que eles teriam que aceitar a nota pois era ilegal não fazê-lo. Foi assustador! Eles não paravam de gritar e tiveram o apoio de alguns clientes que começaram a gritar também: VAI PRA CURITIBA!  Eu não levantei a voz e disse que iria mostrar-lhes que as notas eram válidas. Eles continuaram gritando que não aceitariam e que chamariam a polícia. Eu disse que eu chamaria a polícia. Enquanto isso, pensando em chegar a um acordo mais civilizado, busquei no meu celular o post que mostra que não é ilegal passar ou aceitar notas carimbadas, mas eles se recusaram a vê-la e continuaram gritando. Comecei a tremer e a me sentir muito, muito vulnerável. Não tive apoio de nenhuma pessoa no restaurante e tentei chamar o PROCON, mas de tão nervosa que estava, não consegui sequer achar o número. Devo confessar que não tive coragem, nem ânimo para chamar a polícia e enfrentar a situação que poderia advir daí. Realmente nunca me senti tão frágil e impotente em minha vida.  A proprietária, completamente histérica, gritava absurdos como: BANDIDA, QUER NOS ROUBAR, ELA APOIA LADRÕES...ELA APOIA LADRÕES! Foi mesmo assustador.  Eu peguei minha nota e disse que sairia sem pagar já que eles não queriam aceitá-la. O proprietário, saindo detrás do balcão e vindo pra cima de mim (foi contido por uma funcionária que acredito ser sua filha), me ameaçou dizendo que não me deixaria sair. Cedi. Esmoreci. Não dei conta da situação. Paguei o almoço com cartão de débito e só queria sair de lá, mas ainda tive que ouvir os gritos da proprietária e de alguns clientes que me diziam: ISTO É CRIME. VOCÊ NÃO PODE DILAPIDAR O DINHEIRO BRASILEIRO.  Ainda tive coragem para responder que crime é o que está sendo feito com Lula e com a população em geral, mas não consegui ser ouvida. Gritei o mais forte que pude LULA LIVRE! e saí de lá tremendo, como estou até agora. BOICOTAREI ESTE RESTAURANTE PELO RESTO DE MEUS DIAS E ESPERO QUE QUEM PENSA COMO EU FAÇA O MESMO. Conheço muitas pessoas do nosso meio artístico que comem neste lugar. Chocada e amedrontada pergunto-lhes: COM QUE ARMAS LUTAREMOS CONTRA ESTE TIPO DE ATITUDE? QUE GESTOS, QUE PALAVRAS PODEM DAR CONTA DA TRUCULÊNCIA QUE SE LEGITIMOU ENTRE NÓS NOS ÚLTIMOS ANOS? Por enquanto eu proponho o BOICOTE. É pouco, é quase nada, mas é minha resposta não violenta à selvageria dos que nos veem como bandidos apenas porque defendemos que a prisão de Lula foi ilegal e queremos saber quem foi o responsável pelo assassinato de Marielle Franco."