Impedido de embarcar no metrô, homem negro perde consulta, passa mal e denuncia "cárcere privado"

Emílio Aguiar, que faz um tratamento contra a depressão, denunciou constrangimento por parte de funcionários do Metrô de São Paulo e registrou Boletim de Ocorrência: "Foi racismo, não tem outra palavra"

Arquivo Pessoa/Facebook
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Um homem negro que alega ter sido constrangido por funcionários do Metrô de São Paulo registrou nesta quinta-feira (7), na 70º Delegacia de Polícia, Zona Leste da capital paulista, um Boletim de Ocorrência contra a empresa.

Emilio Aguiar foi impedido de embarcar na estação do monotrilho Vila União, também em Sapopemba, sob a alegação dos funcionários de que ele não teria comprado o bilhete. "A vítima tem plena consciência de que o que sofreu foi motivado pelo fato de ser negro", disse à Fórum o advogado Jucimar Souza Tenório, que acompanha o caso.

O caso aconteceu na manhã de quarta-feira (6). Aguiar comprou bilhetes - de ida e de volta - na estação para ir a uma consulta médica, parte do tratamento que faz contra a depressão. Após passar pela catraca validando seu bilhete, o homem subiu as escadas da estação e, já na parte de cima do recinto, teria sido abordado por um funcionário do Metrô, que teria informado que ele não poderia embarcar pois não teria comprado o bilhete, e sim passado pela catraca de acesso gratuito.

À Fórum, o homem relatou que reagiu educadamente e mostrou os bilhetes que havia comprado. O funcionário, então, teria chamado reforço de seguranças e informado que ele não poderia embarcar.

"Vocês não podem fazer isso, eu paguei pelo bilhete. Tenho consulta às 9h da manhã", teria dito Aguiar, ao que os funcionários teriam dito que acionariam o "supervisor" e que ele teria que "aguardar".

O homem, então, teria ficado por uma hora e meia esperando, impedido de embarcar ou de sair da estação. Durante este período, Aguiar passou mal, começou a tremer e chegou a chorar.

Somente depois de uma hora e meia, então, os funcionários confirmaram, através das câmeras de segurança, que o passageiro havia, de fato, comprado os bilhetes. Eles teriam pedido "desculpas em nome do Metrô" ao homem e o liberado.

"Foi racismo. Não tem outra palavra. Não fiz nada, não cometi nenhum erro. Só por causa da cor? Eu sou do bem", desabafou à Fórum. "Agora estou aqui, mal e chorando por causa disso em uma delegacia", completou Aguiar, que registrou Boletim de Ocorrência por sequestro e cárcere privado.

Antes, o homem já havia denunciado o caso em seu perfil do Facebook.

Fórum entrou em contato com a assessoria de imprensa do Metrô de São Paulo para obter um posicionamento sobre o ocorrido, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. O espaço está aberto para manifestação da empresa.