"O Doria que diz que atacamos sua casa é o mesmo que manda derrubar prédio com pessoas dentro"

Escrito en BRASIL el
Em entrevista, militante do Levante Popular da Juventude afirma que o protesto contra as políticas privatistas do tucano foi pacífico e que quem age com truculência, na verdade, é o próprio Doria, como nas ações que vem capitaneando na região da cracolândia. Escracho em frente a casa do prefeito terminou com um jovem detido Por Redação  O Levante Popular da Juventude promoveu, no último sábado (15), um escracho em frente a casa do prefeito João Doria (PSDB), nos Jardins, área nobre da capital paulista. O grupo fez um protesto com intervenções teatrais, bandeiras e palavras de ordem contra as políticas privatistas e de retirada de direitos que o tucano vem capitaneando em São Paulo. Ao final do protesto, um dos jovens do Levante foi detido pela Guarda Civil Metropolitana. Ele chegou, inclusive, a fazer exame de corpo e delito no IML por conta das agressões que sofreu dos agentes. O militante foi liberado e será indiciado por crime ambiental por conta de uma pixação na fachada da casa do prefeito. Doria afirma que tem imagens do jovem cometendo o ato, mas até agora não as apresentou. No mesmo dia, Doria postou em suas redes sociais um vídeo em que dá uma resposta truculenta aos jovens. Ele afirma que as políticas privatistas em São Paulo vão continuar e diz que "não haverá espaço para petralhistas". Ele diz ainda que o grupo foi agressivo e que tentou invadir sua residência. Em entrevista à Fórum, a militante do Levante Popular da Juventude, Nataly Santiago, afirmou que a prisão do garoto foi uma ação arbitrária "para desviar o foco da denúncia que o Levante fez ao projeto privatista" do prefeito. "O crime cometido é o do projeto privatista de Doria. Seus comentários fazem parte de uma narrativa para desviar a atenção das denúncias que fizemos. O mesmo Doria que afirma que atacamos a casa dele é o mesmo que manda derrubar um prédio com pessoas dentro", disse a militante, em referência a ações truculentas do prefeito, como a de "higienização" da região da cracolândia. Há pouco tempo, em uma ação desastrada da prefeitura junto aos dependentes químicos da fatídica região, prédios que abrigavam alguns desses usuários de drogas foram demolidos sem o isolamento do perímetro, deixando pessoas feridas. O Levante Popular da Juventude divulgou, no domingo (15), uma nota pública sobre a ação. Confira abaixo. Por que escrachamos João Doria  Na manhã de ontem, sábado,  nós do Levante Popular da Juventude realizamos uma ação para denunciar que o prefeito de São Paulo, João Dória está degradando a cidade que deveria administrar. Dória afirma governar por uma cidade linda, mas que não é para todas e todos. O que está por trás desse discurso envolto de marketing é a defesa dos interesses dos empresários e das grandes multinacionais. A prova disso é que João Dória está implantando o maior plano de privatização da história de SP, vendendo a cidade para seus amigos empresários. A mercantilização do patrimônio e dos serviços da cidade atingirá desde parques até o serviço funerário. Tudo isso sendo feito sem nenhuma transparência e sem dialogo com a sociedade. Por isso denunciamos que “SP não está à venda”. Somos contra esse projeto de cidade que transforma espaços e serviços públicos em privados, transforma direitos da população em mercadoria. Esse mesmo prefeito que nos acusa como criminosos, se apropriou de área pública em uma de suas mansões; ficou devendo R$ 90 mil de IPTU durante dez anos para prefeitura de São Paulo e, mesmo com patrimônio de R$ 180 milhões, só pagou esse imposto quando foi eleito, para esconder a informação da população. O que fizemos ontem (15) é uma forma popular de protesto e indignação, que busca dar voz de forma coletiva e organizada as milhões de pessoas prejudicadas pelas políticas de Dória que nos últimos meses reduziu as horas de uso do passe livre estudantil, eliminou programas culturais da população periférica, autorizou a derrubada de um prédio na região da Luz com pessoas dentro do ambiente e negou a importância de uma Secretaria de Igualdade Racial e de políticas para as mulheres. Dória diz que não é político, mas faz o pior tipo de política dando sustentação ao governo catastrófico de Michel Temer, assolado por denúncias de corrupção. Seu vínculo com Temer é tal que em 2016, Dória premiou, através da Lide, sua empresa de lobby, Michel Temer como líder do Brasil. Não é difícil perceber de qual lado o prefeito está. Dória fala que a cidade está em crise, mas os gastos com marketing ganharam aumento substancial na gestão, com orçamento de 100 milhões anuais. Não queremos alguém que governa como publicitário, que se diz um gestor “não-político”, mas na verdade é o operador dos interesses empresariais na prefeitura. O Levante Popular da Juventude continuará em luta na defesa dos direitos daqueles que moram precariamente, dos trabalhadores que passam quatro horas no transporte público por dia, da juventude que não aceita estar segregada e quer condições para estudar e acessar a cidade. Queremos uma cidade na qual o poder público escute, dialogue com a sociedade, atuando para diminuir desigualdades sociais, raciais e de gênero, investindo mais recursos no transporte, na cultura, na saúde, na educação e na habitação. O projeto de governo de Dória é um projeto de privatização, de entrega da cidade às mãos de empresários usurpadores. Convocamos a população de São Paulo a resistir a esse projeto de desmonte da cidade e desmonte de direitos. Para isso é fundamental nos mobilizar permanentemente em defesa da cidade. Não aceitaremos que nenhum direito seja retirado e nenhum patrimônio vendido, sem que o povo seja consultado. Nossa Rebeldia é o Povo no Poder!