Prefeito tucano de Natal remove famílias em situação de rua que se abrigavam sob viaduto

Movimento Nacional da População de Rua diz que havia acordo para que pessoas não fossem retiradas até plano emergencial ou aluguel social; prefeitura alega “risco”

Agentes da Prefeitura de Natal (RN) destroem moradias improvisadas de sem teto (Foto Reprodução Instagram)
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A Prefeitura de Natal, dirigida pelo tucano Álvaro Dias, removeu nesta quinta-feira (11) famílias em situação de rua que se abrigavam sob um viaduto da cidade, o Baldo. Na operação, as mais de 25 pessoas ficaram sem ter um abrigo, ainda que precário, em plena pandemia. E, ainda, tiveram seus pertences levados pelos agentes da prefeitura.

Como se não bastasse, o Movimento Nacional de População de Rua do RN denunciou que a prefeitura tinha um acordo com a entidade e com os moradores de que eles não seriam retirados do local. Eles aguardavam um plano de habitação emergencial ou aluguel social para que pudessem ter acesso ao direito de moradia.

Em publicação no Instagram, o movimento escreveu que o “resultado da ação violenta da prefeitura é que as famílias ficaram sem seus pertences e sem local, mesmo que precário, para morar em plena pandemia”.

A vereadora petista Brisa Bracchi acompanhou a retirada e tentou mediar a situação. Em seu Twitter, ela disse que a situação era dolorosa. “Que dor! Acompanhando a remoção dos barracos da população em situação de rua no viaduto do Baldo. Inúmeras pessoas sem seus pertences e sem ter para onde ir em plena pandemia!”. Ela apontou ainda uma contradição: “Isso no dia que a prefeitura vota a criação da secretaria de direitos humanos. Que incoerência!”.

https://twitter.com/brisabracchi13/status/1359865568761962499

Prefeitura

A prefeitura não viu a remoção da mesma forma que as famílias e os ativistas. Até chegou a noticiá-la em seu site. Alegou que que ela foi “necessária” por causa dos resíduos de coleta que existiam na ocupação, como sacos plásticos, tecidos e restos de móveis que vinham sendo depositados junto ao córrego próximo do local onde as famílias se abrigavam. A prefeitura diz que esse acúmulo significava “risco para transbordamento do canal em caso de ocorrência de chuvas”.

A administração tucana escreveu em seu site que “cadastrou e encaminhou” todas as pessoas retiradas “para atendimento de aluguel social, além de garantir alimentos e colchões, entre outros itens de assistência”.