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O Domingo Espetacular, da Record, ignorou, ao longo de pelo menos duas horas de programa neste domingo (23), as denúncias feitas ao longo da última semana pela Vaza Jato contra Sérgio Moro e membros da operação Lava Jato. O programa, que entre outras reportagens traz resumos e aprofundamentos das notícias da semana, não dedicou um segundo sequer à série de reportagens baseadas nas mensagens privadas entre Dallagnol e Moro por meio do aplicativo Telegram, obtidas por uma fonte e divulgadas pelo site The Intercept Brasil.
Grande parte da imprensa repercutia neste domingo os últimos diálogos, veiculados pelo Intercept em parceria com a Folha de S.Paulo, que mostram que o MPF (Ministério Público Federal) e a PF atuaram em conjunto para blindar Moro contra o ministro do Supremo Teori Zavascki, relator da Lava Jato na corte.
Enquanto isso, o R7, portal de notícias da Record, se limitou a noticiar a resposta do ministro da Justiça, com citação em latim, sem mencionar que ela foi ironizada por internautas que criticavam o pedantismo do ex-magistrado. A citação do poeta romano do século 1 a.C. Horácio foi alvo de críticas como da membro da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) Gisele Cittadino.
Verba publicitária
A negligência do grupo comandado pelo pastor Edir Macedo com os escândalos envolvendo o ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, no entanto, não são por acaso.
Nos três primeiros meses de 2019 a Record recebeu oito vezes mais verba publicitária que no mesmo período de 2018, superando até mesmo a TV Globo.
Em ao menos dois anos, foi a primeira vez que ocorre essa inversão. No primeiro trimestre do ano passado, os veículos da família Marinho faturaram R$ 5,93 milhões, contra R$ 1,3 milhão da Record e R$ 1,1 do SBT.
O faturamento da emissora de Edir Macedo, em 2019, chegou a 10,3 milhões. O SBT ficou R$ 7,3 milhões e a Globo, com R$ 7,07 milhões.