Seis em cada dez crianças brasileiras vivem na pobreza, indica estudo do Unicef

Fundo das Nações Unidas alerta que pobreza é mais que renda e chama a atenção para as múltiplas privações a que meninas e meninos estão expostos, sobretudo os negros

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O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgou nesta terça-feira (14), a pesquisa “Pobreza na Infância e na Adolescência” e o resultado é preocupante: 61% das crianças e dos adolescentes brasileiros são afetados diretamente pela pobreza, em suas múltiplas dimensões, segundo informações da assessoria do próprio Unicef. Ou seja, seis em cada dez crianças sofrem deste flagelo. O levantamento indica que a pobreza na infância e na adolescência vai além da questão de falta de renda. Além de a pobreza monetária, há uma série de privações de direitos a que meninas e meninos são submetidos.

“Incluir a privação de direitos como uma das faces da pobreza não é comum nas análises tradicionais sobre o tema, mas é essencial para dar destaque ao conjunto dos problemas graves que afetam as possibilidades de meninas e meninos desenvolverem o seu potencial e garantir o seu bem-estar”, relata Florence Bauer, representante do Unicef no Brasil.

Os resultados mostram que, no Brasil, 32 milhões de meninas e meninos vivem na pobreza. Desses, 6 milhões são afetados apenas pela pobreza monetária. O que significa que vivem em famílias monetariamente pobres, mas têm os seis direitos assegurados. Outros 12 milhões, além de viver na pobreza monetária, têm um ou mais direitos negados. E há ainda 14 milhões de meninas e meninos que, embora não sejam monetariamente pobres, têm um ou mais direitos negados.

As privações de direito afetam de forma diferente cada grupo de meninas e meninos. Os adolescentes têm mais direitos negados (58% para o grupo de 11 a 13 anos, e 59,9% para os de 14 a 17 anos) que as crianças mais jovens (39,7% para o grupo de até 5 anos e 45,5% para as crianças de 6 a 10 anos). Moradores da zona rural são mais afetados do que os da zona urbana. Crianças e adolescentes negros sofrem mais violações do que meninas e meninos brancos, reflexo da discriminação racial e exclusão que muitas crianças e muitos adolescentes sofrem no país. Moradores das regiões Norte e Nordeste enfrentam mais privações do que os do Sul e Sudeste.