Hoje preso e acusado de múltiplos crimes contra mulheres – estupro, agressão, cárcere privado e ameaça – o empresário Thiago Brennand era investigado em maio de 2022 pela suspeita de agressão contra seu filho, menor de 18 anos, quando encontrou uma brecha para ameaçar e tentar intimidar a própria delegada que cuidava do caso.
Dannyella Gomes Pinheiro, delegada da 3ª Delegacia de Defesa da Mulher (CCM Oeste), na zona oeste de São Paulo, convocou Brennand para prestar depoimento em 11 de maio 2022. O inquérito havia sido instaurado em 29 de janeiro de 2021, dias depois de o filho contar à mãe que teria sofrido agressões e maus-tratos do pai, tendo sido posto em cárcere privado.
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Mais de um ano após as investigações, lá estava Thiago Brennand prestando seu depoimento à delegada. Cerca de um mês depois, era a vez dela registrar um boletim de ocorrência contra o empresário no Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
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De acordo com o depoimento da própria delegada, obtido e noticiado pelo jornal O Globo, Dannyella afirma que conheceu Brennand durante seu depoimento, em conversa profissional, e que trocaram telefones. Não se sabe o teor do depoimento, mas se imagina que o empresário tentou de alguma maneira seduzir a delegada. Os dois passaram a trocar mensagens e a própria delegada confirmou que teria aceitado marcar um jantar com o investigado na noite de 14 de maio.
No entanto, pensando melhor, ela percebeu que não seria uma boa ideia encontrar-se com Brennand e, em seguida, desmarcou o encontro. A partir daí, o empresário não lhe deu sossego pelos 4 dias subsequentes, enviando dezenas de mensagens, algumas com ameaças e outras mencionando que eles teriam algum tipo de relacionamento.
Em 20 de junho, Brennand ameaçou ir à delegacia e acionar a Corregedoria da Polícia Civil para prejudicá-la caso ela seguisse negando o encontro. Dannyella então registrou um boletim de ocorrência dois dias depois, mas não representou o empresário, o que impediu a abertura de um inquérito.
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à imprensa, ela afirmou que tornou-se uma das vítimas do empresário naquele episódio. Também disse não voltou a se encontrar com Brennand e explicou as medidas tomadas. “Sou uma vítima como todas as outras do Brennand. Mas comigo ele sabia onde estava pisando, ele puxou o freio de mão. Primeiro foi educado comigo, aceitei ir ao jantar, mas logo percebi que não batia comigo. Registrei o boletim de ocorrência para me resguardar, e não o representei porque as importunações pararam”.
Em 17 de maio de 2022, o caso da agressão de Brennand ao filho trocou de mãos. Saiu dos cuidados de Dannyella para a supervisão da delegada Wanessa Miranda Ferreira. A mudança ocorreu três dias após Dannyella aceitar o convite para jantar e no dia seguinte da entrega do relatório final do inquérito, em 16 de maio, já assinado por Wanessa. Dois dias depois, o Ministério Público pediu o arquivamento do caso por falta de provas.