Vereador Celso Giannazi foi uma das vítimas de ação da PM na Câmara de SP

Parlamentar do PSOL dava entrevista quando o gás lacrimogênio lançado pelos policiais contra manifestantes tomou a rua em frente ao prédio público. Ele cobrará o Ministério Público e SSP sobre a ação violenta e desproporcional

Foto: Vereador Celso Giannazi (PSOL), sob ataque da PM, durante protesto em SP (Assessoria de Comunicação)
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O vereador paulistano Celso Giannazi (PSOL) estava do lado de fora da Câmara Municipal de São Paulo, dando entrevista a uma emissora de televisão, quando a Polícia Militar e a Guarda Civil Metropolitana começaram a atacar violentamente manifestantes que protestavam no local contra um projeto de lei que altera a previdência dos servidores públicos da maior cidade do Brasil. Imagens do parlamentar, em meio à fumaça das bombas, foram captadas pela imprensa que trabalhava cobrindo o ato.

“Eu estava junto com servidores, com professores, e no momento que a gente ia dar entrevista para a TV Bandeirantes a Polícia Militar veio pra cima dos servidores jogando bombas de gás lacrimogênio e também gás de pimenta, uma coisa horrível, em cima de todos que estavam ali. Em cima de professoras, até de alunos! Adolescentes que estavam com pais, enfim, algo de uma crueldade e covardia gigantes”, explicou indignado Giannazi.

O psolista não se conforma com a reação totalmente desproporcional das tropas que protegiam a sede do Legislativo municipal paulistano, que sob o argumento de que algumas pessoas teriam tentando derrubar as grades que cercam o edifício, partiram para uma ação agressiva contra um grupo de trabalhadores que apenas contestava a proposta de taxar em 14% os vencimentos de aposentados que ganham a partir de um salário mínimo.

“Inclusive, eu e o deputado (federal) Carlos Giannazi (PSOL), que estávamos ali, vamos amanhã acionar o Ministério Público e a Secretaria de Segurança Pública, o Comando da Polícia Militar, porque é necessário apurar a responsabilidade do comandante que mandou jogar gás em cima das pessoas. Foi uma reação totalmente desproporcional, porque se houvesse ali infiltrados junto aos servidores, eram poucos, e a PM tinha condições perfeitamente de identificá-los e prendê-los, sem que toda essa violência tivesse acontecido. A maioria ali era de mulheres, eram professoras da rede municipal, aposentados”, contou com exclusividade à reportagem da Fórum.

Para o vereador de oposição, o tal Sampaprev2, forma como ficou conhecido o projeto de lei que pretende reformular de forma onerosa a previdência dos servidores públicos, é uma contradição com os aumentos que o prefeito Ricardo Nunes (MDB) vem concedendo aos cargos comissionados.

“O que o prefeito Ricardo Nunes determinou, de passar esse projeto, o PLO 7 DE 2021, que é o Sampaprev2, é uma agressão gigantesca aos servidores do município. O mérito dessa tentativa de taxar aposentados em 14% é de uma covardia sem tamanho. Ao mesmo tempo, ele encaminhou e passou o projeto concedendo reajustes de 37% pros seus subprefeitos, de 65% pra chefes de gabinete, para cargos comissionados. Ele, com servidores, é cruel, mas com os cargos comissionados ele dá essas benesses”, desabafou o vereador de esquerda.

Sessão continuou

Mesmo com todo o pandemônio que ocorria do lado de fora, o presidente da Câmara de Vereadores de São Paulo, Milton Leite (DEM), continuou normalmente com a sessão que analisava o Sampaprev2, o que para  Giannazi é um completo desrespeito e um ato de total falta de sensibilidade.

“Aí, depois de tomar todas essas bombas e com os olhos vermelhos, fui para dentro da Câmara para que o presidente, até por respeito, suspendesse a sessão, e com as bombas estourando do lado de fora, mas ele continuou porque eles estão num módulo trator, passando por cima de tudo com esse projeto covarde”