"Campo de guerra": Hospital renomado de Porto Alegre instala contêiner para dar conta dos mortos por Covid

O Moinhos de Vento está com leitos lotados e operando acima de sua capacidade, o que já vem refletindo em falta de espaço adequado acomodação dos corpos de vítimas da doença do coronavírus

Foto: Divulgação
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O Hospital Moinhos de Vento, um dos mais renomados de Porto Alegre (RS), já vem sofrendo as consequências da nova explosão de casos de Covid-19 que assola o país inteiro. Nesta terça-feira (2), a unidade de saúde resolveu alugar um contêiner refrigerado para dar conta da quantidade de corpos de vítimas da doença do coronavírus, já que o necrotério do local comporta apenas três cadáveres.

Em nota, o hospital informou que "o momento atual registra os índices mais altos de internações e agravamento dos casos, gerando potencial crescimento no número de óbitos". Atualmente, o Moinhos de Vento está operando com 119% de sua capacidade, com 79 pacientes para 66 leitos.

Já a capital gaúcha, como um todo, registra 100,4% de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para Covid-19.

"A partir desta terça-feira (2), será instalado provisoriamente um contêiner refrigerado anexo ao hospital. Será utilizado somente em caso de real necessidade, considerando a possibilidade de atrasos na retirada dos óbitos por parte das funerárias, realidade essa percebida em outras cidades do Brasil e do mundo", diz o comunicado do hospital.

Na mesma nota, o Moinhos de Vento apela ainda para a colaboração da população. "É fundamental que todos sigam as orientações das autoridades sanitárias, utilizando máscara em todos os momentos e higienizando as mãos e os ambientes de contato. E recomenda, ainda, que evitem ao máximo aglomerações e circulações desnecessárias, mantendo sempre o distanciamento social, principalmente neste momento crítico", afirma o texto.

Em entrevista à GloboNews nesta terça-feira (2), o superintendente do hospital, Luiz Antônio Nasi, descreveu a situação atual com a palavra "campo de guerra".

"É um campo de guerra. Todo mundo sendo mobilizado no hospital, médicos, anestesistas, enfermeiros de todas as áreas. Nós estamos, realmente, com uma situação calamitosa", declarou.

Confira, abaixo, a íntegra da nota do hospital sobre o aluguel do contêiner e a superlotação.

"O Hospital Moinhos de Vento iniciou, esta semana, a execução de mais uma etapa do seu Plano de Gestão de Crise — elaborado pelo Comitê de Enfrentamento da COVID-19, criado no começo do ano passado. O momento atual registra os índices mais altos de internações e agravamento dos casos, gerando potencial crescimento no número de óbitos.

Diante desse cenário, o hospital colocou em prática a expansão programada em plano da estrutura do morgue (necrotério). Mesmo que não venha a ser utilizada, trata-se de uma medida preventiva que se faz necessária dentro dos padrões de qualidade assistencial e médica da instituição. A partir desta terça-feira (2), será instalado provisoriamente um contêiner refrigerado anexo ao hospital. Será utilizado somente em caso de real necessidade, considerando a possibilidade de atrasos na retirada dos óbitos por parte das funerárias, realidade essa percebida em outras cidades do Brasil e do mundo. A estrutura atual comporta até três óbitos e está adequada às normas, condições de normalidade e porte do Hospital Moinhos de Vento.

Há um ano, a instituição aplica medidas e adapta suas rotinas, buscando garantir a qualidade do atendimento e a segurança às equipes e pacientes. Abriu leitos de terapia intensiva de retaguarda e fechou a tenda de atendimento a pacientes com suspeita de COVID-19, direcionando para o atendimento da Emergência, que só recebe casos classificados como vermelho e laranja. Também, limitou a transferência de pacientes que necessitam de leitos no Centro de Terapia Intensiva. Os esforços são voltados a proporcionar o suporte necessário para ocasionar os melhores desfechos possíveis.

O Hospital Moinhos de Vento está com mais de 100% de ocupação dos leitos de terapia intensiva. Pessoas com menos de 60 anos de idade correspondem a 35% dos pacientes internados, o que enseja um sinal de alerta para que a população mais jovem redobre os cuidados.

A instituição reforça o apelo à comunidade para que atente às normas de proteção. É fundamental que todos sigam as orientações das autoridades sanitárias, utilizando máscara em todos os momentos e higienizando as mãos e os ambientes de contato. E recomenda, ainda, que evitem ao máximo aglomerações e circulações desnecessárias, mantendo sempre o distanciamento social, principalmente neste momento crítico."