Começou no Rio: Witzel admite caos. Sistema de Saúde no limite, funerárias e cemitérios lotados

“Gripezinha”: Gente morre nas salas de espera, corpos se amontoam nos corredores, fabricantes de urnas funerárias e cemitérios fazem ampliações

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A Saúde do estado do Rio de Janeiro entrou em colapso. São vários os relatos em diversas partes. Um funcionário da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Complexo do Maré, na Zona Norte do Rio, revela a situação no local: “São 15 pacientes aqui, alguns em estado grave, e não há médicos. Também não há lugar para pôr os corpos, que se acumulam em salas e corredores”.

A dificuldade para transferir pacientes com a Covid-19 das UPAs, que são portas de entrada para o sistema público, para hospitais sobrecarregados, vem provocando um efeito cascata. Por volta das 14h desta terça, 83% delas estavam com suas salas vermelhas lotadas. São os espaços destinados a doentes em situação mais grave, que precisam ser levados a centros médicos de grande porte.

UPAs não devem servir como locais de internação de longa permanência, mas é justamente isso que tem acontecido no Rio. “O principal gargalo é que não há mais vagas disponíveis nos hospitais, o que causa esse colapso”, disse Alexandre Telles, presidente do Sindicato dos Médicos do Rio (SinMed-RJ).

Witzel admite caos

Nesta terça-feira, em entrevista ao site “O Antagonsita’’, o governador Wilson Witzel admitiu que o caos que já se instala na rede pública do Rio:

“Hoje, do jeito que está, estamos em colapso”, disse. O governador destacou que atualmente há mais de 300 pessoas aguardando uma vaga de CTI de hospitais da rede pública. Ele foi cauteloso ao falar sobre a flexibilização da quarentena, mas admitiu que está em estudo uma espécie de rodízio, pelo número do CNPJ, para a reabertura gradual do comércio.

O governador também criticou o presidente Jair Bolsonaro por "colaborar para desinformar a população" e fez avaliações sobre o enfrentamento da doença na capital, na Baixada Fluminense e nas favelas.

“Hoje nós temos em torno de 30% da população nas ruas. Estamos no colapso da saúde já. Se formos liberar mais alguma atividade, quanto isso vai impactar nos transportes? Isso vai aumentar de 30% da população nas ruas para 50%. Isso corresponderá a quanto? É difícil de calcular porque não sabemos quantos serão contaminados e quantos precisarão estar no hospital, afirmou.

Urnas funerárias

Por outro lado, o setor de urnas funerárias teve a sua produção aumentada em 15%. O presidente da Associação de Fabricantes de Urnas Funerárias do Brasil, Antonio Marinho, diz que as empresas estão prontas para atender a um aumento de até 50% da demanda.

A Vale Verde, cuja fábrica fica em Valença, no estado do Rio, produzia de 400 a 600 caixões por semana para clientes no Rio, São Paulo e para os estados da região Sul do país, agora produz a mesma quantidade por dia:

“Criei um segundo turno de trabalho. Se preciso, teremos um terceiro. Com a Covid-19, adotamos precauções adicionais como máscara e outros equipamentos de proteção individual para os funcionários. A maior dificuldade hoje para escoar a produção é que caminhoneiros não encontram restaurantes abertos nas estradas”, disse o gerente, Alfredo Agostinho.

Pandemia fez concessionária acelerar obras

Concessionárias e cemitérios também aumentam a capacidade. Em Inhaúma, estão sendo construídas 8,5 mil gavetas e em Irajá, outras 6 mil vagas. A expansão já era prevista no contrato de concessão da prefeitura, ressalta o diretor de Cemitérios e Funerárias da empresa responsável, a Rio Pax, Ronaldo Milano:

“Começamos as obras em 2016. Não tinha relação com a pandemia, mas adiantamos algumas obras por causa dela”, disse.

Outros cemitérios também estão criando vagas. O Cemitério São Francisco Xavier (Caju), está abrindo 12 mil vagas.

Apesar de parecer um cenário lucrativo para o setor, a Associação dos Fabricantes e Fornecedores de Artigos Funerários observa que há perda por outro lado. Por causa da pandemia, não há velórios ou há cerimônias muito rápidas, reduzindo a demanda por produtos para preservar corpos e por flores.

Bolsonaro: “E dai?”

Ao ser informado que o Brasil passou a China no número de mortes provocadas por Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido-RJ) disse: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre”. “Ninguém nunca negou que teremos mortes”, disse ainda.

Com informações do Globo, aqui e aqui