Dimas Covas diz que após live de Bolsonaro, Ministério da Saúde travou compra de vacina do Butantan

Diretor conta que houve uma oferta de 60 milhões de doses da CoronaVac ao governo federal, mas o instituto ficou sem resposta

Reprodução/TV Senado
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O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, confirmou em depoimento nesta quinta-feira (27) à CPI da Covid-19 que, após as declarações do presidente Jair Bolsonaro contra a compra da CoronaVac, vacina produzida pelo instituto, o compromisso de compra do imunizante pelo Ministério da Saúde foi suspenso.

O relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), transmitiu ao colegiado uma das falas de Bolsonaro contra a vacina do Butantan. "Ninguém vai tomar a sua vacina na marra não, tá ok? Procura outro. E eu, que sou governo, o dinheiro não é meu, é do povo, não vai comprar a vacina também não, tá ok? Procura outro para pagar a tua vacina aí", disse o presidente em live, em recado ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB). O senador então questionou Dimas Covas se houve de fato o cancelamento da compra da CoronaVac.

"Todas as negociações que ocorriam, com trocas das equipes técnicas, com trocas de documentos, a partir desse momento foram suspensos. Houve, no dia 19, um dia antes da reunião com o ministro, um documento do ministério que era um compromisso de incorporação, mas esse compromisso ficou suspenso e de fato só foi concretizado em 7 de janeiro", confirmou o diretor do Butantan.

Dimas Covas afirmou ainda que houve um oferecimento de 60 milhões de doses da CoronaVac ao governo federal ainda em julho de 2020, mas o instituto não recebeu uma resposta efetiva. Segundo ele, em outubro de 2020, foi feita uma nova oferta de 100 milhões de doses.

"Essas idas e vindas foi dificultando o cronograma, não o quantitativo. O Butantan mantinha o seu acordo de 45 milhões, mas tinha condições de chegar aos 100 milhões de doses, que poderiam chegar em maio. O cronograma então passou para setembro", contou o pesquisador.